11.09
2020

A edição de outubro da revista inglesa Empire foi lançada e conta com uma entrevista da Scarlett Johansson e da Florence Pugh sobre Viúva Negra, o mais novo filme da Marvel que conta a história de Natasha Romanoff e será lançado no Brasil no próximo mês (28). Confira a entrevista traduzida:

O há muito esperado filme “Viúva Negra” prevê Scarlett Johansson dizendo adeus ao UCM, e Florence Pugh entrando com tudo. Nós as reunimos para falar de mentoria, ser radical e chutes na bunda.

Existe uma chance muito real de que Viúva Negra da Cate Shortland seja a saída final da Scarlett Johansson do Universo Cinematográfico da Marvel como o personagem título, a espiã astuta/exército de uma mulher, Natasha Romanoff. O que seria uma grande pena. Porque, enquanto é a oitava viagem de Johansson no carrossel UCM desde que ela apareceu pela primeira vez em Homem de Ferro 2 de 2010, é o primeiro da Florence Pugh, como a ex-companheira quando espiã soviética da Natasha, antagonista e um tipo de irmãs, Yelena Belova, em um filme de origem aparentemente designada para lhe conceder o manto de Viúva Negra — agora que a própria Natasha está morta, aparentemente para sempre, em um planeta alienígena. E se a química fácil, engraçada e faiscante que as atrizes britânica e estadunidense exibiram em uma call com a Empire no começo desse verão se traduz nas telonas, a Marvel deveria estar tentando reunir elas em toda oportunidade. Filmes de origem, spin-offs, sitcoms, o que quer que funcione. Ainda, como alguém disse, o futuro ainda não está definido, e durante a entrevista conjunta da Empire, Johansson e Pugh falaram sobre o presente, o passado e o caminho que levou a Marvel a fazer um filme estrelado e dirigido por mulheres que quer abrir novos caminhos.


Quando foi a última vez que vocês duas se viram em carne e osso?

Scarlett Johansson: Eu te vi no Oscar.
Florence Pugh: Mas a gente fez umas regravações dois ou três dias depois disso, lembra, amor?
Johansson: Oh, é verdade. Nós duas estávamos doentes.
Pugh: A gente se viu bastante durante a temporada de premiações, o que foi tão legal porque nós tínhamos acabado de fazer um filme juntas. E então eu vou e cutuco a Scarlett Johansson nos tapetes vermelhos e fico tipo, “Tudo bem, eu conheço ela.”. Mas sim, é muito estranho não estar com ela. Nós começamos um pouco mais que um ano atrás, amor. Foi em maio [2019] que nós estávamos treinando juntas.
Johansson: Antes de você e eu começarmos a trabalhar naquilo juntas, eu tive um ano ou dois do desenvolvimento das coisas. Faz tanto tempo. Faz quase três anos, na verdade. Eu pensei nisso outro dia. “Quando foi que eu comecei essa conversa com significância?”, eu lembro que quando estávamos gravando Guerra Infinita, eu comecei a falar com o Kevin [Feige] sobre isso como uma possibilidade de verdade, real. Isso foi há tanto tempo. Faz uma eternidade.

Vocês se conheceram pela primeira vez um ano atrás, presumivelmente uma dando porrada na outra?

Pugh: Literalmente. Eu nunca tinha feito nenhum filme desses antes, então eu estava muito ansiosa para entrar e começar a aprender como ficar gorduchinha, porque eu não sabia exatamente o quanto era esperado de alguém ao entrar nesses filmes. A coisa mais engraçada foi que nós começamos a fazer alguns ensaios de cenas, os quais eram amáveis, mas na primeira semana de filmagem, a Scarlett e eu tivemos uma das maiores cenas de briga das nossas personagens, onde elas se veem pela primeira vez em anos. E foi a primeira vez que nos conhecemos, então nós fazíamos os ensaios, e eu ficava tipo, “Okay, eu te enforco agora mesmo e então você me joga na parede.”.
Johansson: É um exercício de confiança muito agressivo. Sendo ator, você geralmente recorre à pessoa ou vocês se encaram e dizem a mesma palavra por, tipo, 20 minutos. Foi tipo isso, mas um enforcamente, basicamente. Apesar que eu deva dizer que foi efetivo. Só sendo ator para alguém ter a oportunidade de fazer algo assim. É insano. É engraçado. É um trabalho tão engraçado e estranho onde você pode conhecer alguém pela primeira vez em um ensaio de uma peça e um dia e meio depois vocês estão gritando e soluçando um com o outro e segurando um ao outro e tem catarro pingando do seu rosto, e você expôs toda a sua fragilidade do seu eu criança .
Pugh: A coisa mais legal disso é que quando você encontra alguém que é tão interessado sobre algo quanto você. Isso faz a experiência um pouco mais agradável. Nem todo mundo gosta de ser jogado no chão o tempo todo, mas a Scarlett e eu amamos.

Scarlett, você deve estar batendo nas pessoas segundos depois de conhecê-las há um tempo.
Johansson: Sim. É estranho falar isso, mas eu já estou acostumada. Apesar disso, é muito engraçado. Faz uma década e eu sei onde a minha energia é melhor usada. Eu sei que eu provavelmente não vou alcançar um nível profissional de Muay Thai em quatro meses. E então gastar minha energia treinando com um atleta profissional é uma perda do meu tempo. Eu sei que o mais importante é que eu seja capaz e pareça capaz e ter esse tipo de confiança no quer que seja que eu esteja fazendo. Mas não foi sempre desse jeito. Eu fiquei realmente me preocupando em vários filmes sobre coisas que nunca foram usadas, ou preparando uma sequência de luta de seis minutos e então mostrar para o diretor no dia e ele fica tipo, “Eu acho que só precisamos de 15 segundos disso.” E você fica tipo, “Quêêê?
Eu gastei aquele tempo todo!”. Então eu acho que estou mais eficiente agora.
Pugh: Quando a gente estava fazendo aquela primeira luta eu fiquei realmente preocupada sobre eu ter que rolar, e eu tive, e eu estava basicamente tentando mergulhar no ar enquanto cortava as pernas dela e então rolar. Para uma pessoa normal isso é quase impossível. E eu lembro de me preocupar com isso: “Eu não sei se vou conseguir rolar.”. Scarlett ficou tipo, “Amor, tem uma razão para você ter alguém que se parece exatamente com você ali no canto. Ela é uma atleta e ela sabe fazer isso e vai ficar ótimo.”

Tem as coisas que vocês não precisam de dublês para fazer: a coisa da atuação. Vocês podem falar sobre isso, e trabalhar nesse relacionamento entre duas personagens que se tornaram quase irmãs, mas com uma beira nisso?
Pugh: Foi uma alegria total. Mas também, eu realmente entrei em uma história que eu não fazia parte e precisava aprender sobre. Eu sei um pouco por assistir os filmes anteriores, mas foi realmente maravilhoso ter trabalhando comigo a mulher que não só era a rainha dessa terra, mas ela sabia tudo. Foi ótimo entrar e desenvolver esse relacionamento complicado, onde existe tanto amor uma pela outra e também tanta dor atrás desse amor que precisa de um filme inteiro para elas realmente se abrirem uma para a outra.
Johansson: Em muitas maneiras, a pressão não estava realmente em mim. Eu tinha a confiança na Cate [Shortland], nossa diretora, para nos direcionar como um grupo de atores, para nos guiar e achar mais profundidade em algo, ou um calor em algo, ou sombras diferentes. E então pareceu um filme pequeno dentro de um filme grande, eu acho. Quando você assiste, também parece isso. Ele tem uma intimidade nele. Esses relacionamentos são discutivelmente um dos mais complicados com os quais a Marvel já lidou. Eles são problemas profundos e bagunçados de família. Nós conseguimos fazer algumas coisas recompensantes dramaticamente, que é o motivo da gente ir trabalhar.


O filme é um filme de origem. Existe um grande motivo para isso, que é que a Natasha está morta no UCM. O que foi um grande choque — Florence, eu presumo que você já tenha visto Ultimato?
Pugh: [ri] Eu já assisti, não se preocupe.
Johansson: Alerta de spoiler!


Scarlett, você disse que teve conversas com o Kevin sobre esse filme enquanto filmava Guerra Infinita. Em que ponto você teve aquela conversa sobre a Natasha morrer em Ultimato?
Johansson: Normalmente, antes de começarmos qualquer capítulo seguinte, era normal que Kevin chamasse o elenco antes que um roteiro chegasse e dissesse: “É aqui que a gente está”. É engraçado — porque, tendo produzido isso, eu vejo qual é o processo da parte de desenvolvimento da narrativa. Foi antes de gravar Guerra Infinita que eu fiquei sabendo o que iria acontecer em Ultimato. Kevin me ligou e disse: “Olha, obviamente estamos em um momento onde haverá grandes sacrifícios e grandes perdas.” Todos nós tínhamos previsto isso. Portanto, não parecia estranho. Acho que fez sentido para mim, embora eu estivesse triste com isso. Mas depois que desliguei o telefone, lembro que pensei: “Ok, acho que sou eu.” E demorei um minuto para processar aquilo. Foi agridoce, mas não foi um choque.


Mas você sabia que estava nesse projeto, também?
Johansson: Eu não tinha tido essa conversa ainda. Presumi que Guerra Infinita e o que viria a ser Ultimato seria tudo. Foi só quando estávamos filmando Guerra Infinita que começamos a ter aquela conversa sobre o que era. Quando eles disseram: “Queremos falar sobre a Viúva Negra”, eu fiquei tipo, “O que é? Como isso vai funcionar? ” Nunca tive a intenção de fazer uma história de origem, obviamente. Eu não queria interpretar uma versão de mim mesma aos 17 anos. Então, eu não tinha ideia de como isso funcionaria exatamente, se havia uma Pedra do Tempo envolvida ou o quê.

Florence, você tem assistido ansiosamente ao UCM e a progressão da Scarlett como a Natasha ao longo da última década?
Pugh: Eu não era fanática. Sem ofensa, Scarlett. Não sei todas as informações sobre todos os personagens, mas me lembro de assisti-los na minha adolescência. Eu definitivamente estava atualizada. Tanto que fiquei muito triste — eu me lembro dos primeiros vazamentos da morte de Natasha e lembro que foi muito injusto porque ela era uma mulher tão legal. Lembro de ficar chocada. Mas é engraçado ter trabalhado no filme pelo qual as pessoas vêm torcendo por anos, e trabalhar ao lado da e assistir à Viúva Negra.
Johansson: Florence diz tudo isso, mas ela tem muita integridade e a personagem dela tem muita integridade. Ela realmente é independente. A personagem é tão cheia de vida e tão baseada em si mesma. Todas são qualidades que Florence tem de sobra. É realmente novo. É uma performance tão nova e emocionante de assistir.

Ambos entraram no MCU em pontos muito diferentes. Scarlett, ainda era um grande risco quando você fez o Homem de Ferro 2, e ao longo dos anos sua contribuição os ajudou a chegar ao ponto em que um filme como este não é mais um risco. E, francamente, o UCM foi um grande festival de salsicha por anos…
Johansson: Um festival de salsicha? [ri]

Sim! E agora é muito mais representativo e muito mais diversificado. Portanto, as coisas mudaram dessa forma.
Johansson: Sim, graças a Deus. Estamos evoluindo com o tempo. O que posso dizer é que, falando especificamente sobre este filme — porque é impossível abranger toda o Universo da Marvel e como ele é muito maior do que jamais poderíamos ter imaginado que fosse — tem tanta coisa acontecendo. Está além da compreensão. Quando comecei há dez anos, não olhei para um roteiro. Eu não sabia o que seria. Eu estava colocando toda minha fé no [diretor do Homem de Ferro 2] Jon Favreau. Mas nenhum de nós desde o início poderia ter imaginado que estaríamos aqui, falando sobre esse tipo de coisa. Acho que este filme em particular reflete muito o que está acontecendo em relação ao movimento Time’s Up e o movimento #MeToo. Seria uma grande pisada na bola se não abordássemos essas coisas, se este filme não enfrentasse isso. Acho, principalmente para Cate, que foi muito importante para ela fazer um filme sobre mulheres que estão ajudando outras mulheres, que tiram outras mulheres de uma situação muito difícil. Alguém me perguntou se Natasha era feminista. Claro que ela é, é óbvio. É uma pergunta meio estúpida.

Eu vou tirar isso da minha lista.
Johansson: [ri] Mas este filme, esperançosamente, não apenas vai elevar o gênero, mas vai impulsionar o limite para a Marvel mais uma vez e empurrar ela para fora de sua zona de conforto de uma maneira totalmente diferente. É uma oportunidade realmente única fazer um filme desta escala que tem uma mensagem muito comovente, profunda e poderosa por trás dele. Acho que conseguimos isso.
Pugh: Sim. E você consegue isso nos primeiros dez minutos do filme. Você já terá sido atingido por coisas incríveis que não estariam em um filme, qualquer filme, mesmo apenas cinco anos atrás. Isso foi muito legal de assistir.

Isso é interessante. Como Pantera Negra, esse teria sido um filme muito diferente dez anos atrás.
Johansson: Eu tenho certeza que um filme da Viúva Negra poderia ter sido feito dez anos atrás, mas não teria sido esse filme, com certeza. Teria sido alguma outra coisa que provavelmente teria ficado ótima. [ri]

E agora está feito
Pugh: É incrível. Eu tenho que dizer: eu assisti um corte, eu estava sentada no sofá e toda vezinha que acontecia alguma coisa com ação, eu ficava tipo, “Vamos, Natasha! Vai! Vai!”. Eu estava tão animada para estar gritando com a minha própria televisão.

Você faz isso em todos os filmes da Scarlett? Em História de Um Casamento? “Vai, Scarlett, vai!”
Johansson: Ah, é claro. Ela faz isso em todos eles. Ela amou a cena do divórcio no tribunal. Ela estava torcendo por mim.
Pugh: Eu estou sempre torcendo pelos personagens dela.
“Pede o divórcio!”

Viúva Negra nos cinemas do Brasil em 28 de outubro.

Publicado por: João Salvo em: EntrevistasRevistas
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