14.01
2016

Scarlett Johansson está enrolada confortavelmente em um sofá duro de ardósia enquanto narra para mim detalhes de vídeo popular do YouTube.  “São gêmeos de apenas dois minutos de vida e eles estão tomando banho pela primeira vez numa água morna,” ela diz, “eles estão Na posição Em que estavam no útero e a água morna recriou o útero para eles.” Ela me disse que o vídeo é incrível, seu rosto tem um leve brilho enquanto ela conversa sobre isso. “Se você realmente quer ver algo milagroso,” ela diz, “É tão lindo.” Eu juro que assistirei em casa – eu gostaria de saber melhor como seria ter outro humano como uma cópia direta, um complemento do DNA de si mesmo. Ter um irmão gêmeo, como Johansson tem, é um mistério para aqueles que não foram escolhidos.

“Meu irmão e eu começamos a vida desse jeito,” ela diz, “Nesse sentido eu nunca estive sozinha – nunca – o que é interessante e provavelmente afetou toda a minha vida. Nós somos extremamente próximos. Você tem uma testemunha para a sua vida em diferentes sentidos. Mesmo quando nós estamos muito longe nós temos essa profunda conexão com o outro.”

Há algo desestabilizador no fato de que Scarlett Johansson, uma atriz de 31 anos de Nova York com uma voz icônica e cerca de 20 anos de carreira, tem uma cópia humana solta pelo mundo. Johansson é uma das mais reconhecidas e inimitáveis atrizes de Hollywood por causa de seus trabalhos em filmes como Encontros e Desencontros (2003), Lucy (2014), Sob a Pele (2013), e como uma adolescente indiferente em Mundo Cão – Aprendendo a Viver (2001), mas mesmo quando você não pode ver seu rosto, você sabe que ela está no ambiente. Em cerca de um minuto de encontro com a atriz, ela disse que eu pareço familiar a ela. Respondendo com uma risada estranha, eu educadamente digo que não, há uma chance muito pequena de já termos nos encontrado. Eu gosto de pensar que eu me lembraria se tivesse me encontrado com Scarlett Johansson.  Há pouquíssimas pessoas como ela.

Johansson está me falando sobre seu irmão Hunter porque eu havia perguntado se ela tinha heróis na vida real. Eu estou lendo uma lista de perguntas do famoso Questionário Proust, plagiando a ideia de um número anterior da Vanity Fair. Quando eu expliquei para Johansson mais cedo que eu estaria substituindo minhas perguntas – eu estava morrendo de curiosidade para saber seus pensamentos sobre o seu perfil 2014 New Yorker extremamente assustador e imediatamente criticado de Anthony Lane – por um questionário encontrado por aí, participando do tema copia/cola, ela entrou no jogo. Apesar de seu papel recorrente como Viúva Negra nos filmes Vingadores da Marvel, uma super-heroína com o pode de fazer o Homem de Ferro parecer insignificante, Johansson insiste que o termo herói é muito carregado: “Eu realmente admiro as pessoas que cometem atos heroicos,  pessoas que são altruístas e põe suas vidas em perigo pela vida de outros, protegem pessoas inocentes, e falam, e você sabe, dão voz àqueles que não a tem,” ela diz, mas ela não tem necessariamente heróis, Ela me diz, ao invés,  que seu irmão é alguém que ela admira muito. Em sua resposta, Proust incrivelmente não nomeou sua mãe.

No último século XIX, o famoso autor respondeu às questões em um álbum confissão chamado Um álbum para recordar pensamentos, sentimentos, etc., um estudo de sua personalidade e gostos. “Qual é o seu atual estado mental?”, produzindo uma pergunta do autor marcado pelo previsível tédio: “Tédio por ter pensamentos sobre mim para responder todas essas questões.” Quando eu perguntei à Johansson a mesma questão do questionário de Proust, ela foi decididamente mais deliberada:

“Eu estou numa espécie de período de transição,” ela diz, seu rosto inundado em um pensamento sério. Um hábito que eu notei em minha conversa com Johansson é que ela não se intimida pelo passar do tempo: depois de falar, ela para e olha ao redor, enxugando sua testa. Ela irá ocasionalmente começar a pensar, depois parar, uma pausa para recalibrar suas ideias e palavras e então elas virão a tona calmamente. Dizer que ela é comedida é minimizar, mas não no modo que a maioria das celebridades tendem a ser, pensando nas melhores palavras para usar para preparar o terreno e terminar dizendo o pequeno. Johansson é marcadamente discreta. Ela é autoconsciente.

“Muitas coisas estão mudando, ou já mudaram. Eu ainda estou me acomodando e entendendo como funciona este nova etapa da minha vida – até mesmo com a minha carreira e seguir em frente com a minha carreira e entender as escolhas que eu fiz e o que eu quero fazer, como quero crescer.” Johansson tornou-se mãe há apenas 1 ano atrás pela primeira vez. “Ter uma família é profundamente transformador.  É um momento em que muitas coisas estão acontecendo ou mudando.” Mais cedo, a atriz me contou que ser mãe e trabalhar é difícil para qualquer um, e que ela descobriu que ceder um pouco de sua força e fazer sacrifícios para sua filha recém-nascida é “um prazer”. “Eu estou adentrando uma nova fase da minha situação como mulher. Eu me sinto muito mais confiante em alguns aspectos, e também insegura em outros. Eu me sinto vulnerável ou mais confortável em me sentir vulnerável, isso é novo. Eu acho que estou aprendendo mais a respeito do que eu quero, o que preciso da minha relação com cada pessoa e de mim mesma. Acho que simplesmente faz parte de crescer e se tornar quem você deve ser. Penso que seja aceitar mais as mudanças.”

No próximo ano, devem ocorrer um número considerável de mudanças na vida de Johansson do que nós vimos até então: um terceiro filme de “Os Vingadores”; seu papel em “Ave, César!”, o filme dos irmãos Coen sobre um estúdio de Hollywood nos anos 1950; ser a voz de Kaa, a cobra dissimulada no filme “Mogli – O Menino Lobo”; interpretar uma policial cyborg na versão norte-americana da trama sci-fi popular japonesa, “Ghost in the Shell”. As gravações da trama sci-fi irão ocorrer na Nova Zelândia, longe de suas duas moradias em Paris e Nova York, mas você não verá a atriz compartilhando nenhuma foto da paisagem exótica do país. Ela ainda se abstém de quaisquer redes sociais: “É muito tempo gasto com algo que não tem nenhuma substância. É totalmente intangível. Não parece real para mim. É muito embaralhado.”

Eu pergunto a Johansson, “O que você gostaria de ser?” e ela responde “uma boa amiga a todos aqueles que amo.” Um talento nato que ela gostaria de ter? A habilidade de tocar algum instrumento musical (apesar de eu contra argumentar que ela canta, o que é de certa forma um instrumento). Sua característica mais marcante? “Minha voz provavelmente. Pode ser extremamente inconveniente as vezes.” Ela ri. “Eu só espero que todos os personagens aos quais eu empresto minha voz não lembrem as pessoas do meu personagem em “Ela (2013).”

Nossa conversa tem sua conclusão com uma pergunta da famosa entrevista de Monsieur Parvulesco em “Breathless” de Jean-Luc Godard: É possível acreditar no amor em tempos como estes? Parvulesco diz no filme, com uma cara séria e quase indignada. “É apenas no amor que podemos acreditar.” Johansson, talvez brincando com a ideia de copiar e colar, me responde com uma inovação de Parvulesco da resposta com sete palavras.

“Eu acho que você tem que acreditar no amor em tempos como estes. Talvez não seja só em tempos como estes. A vida é difícil para todos em termos relativos e eu acho que acreditar no amor é o que ajuda a não ser tão difícil. Eu não falo apenas a respeito do amor romântico, mas o amor entre as pessoas mesmo; bondade humana e compaixão.  Eu sempre fui muito próxima dos meus irmãos.” Ela pausa, dá uma olhada em suas unhas, senta-se em cima de uma das pernas, deixando a resposta vir a ela devagar. “Minha mãe sempre nos encorajou a sermos amáveis uns com os outros e muito próximos. Eu acho que isso me condicionou – de uma boa maneira –a aceitar o amor.”


Fonte: Faunt.com. Traduzido pela equipe do Scarlett Johansson Brasil.

 

Publicado por: admin Salvo em: EntrevistasRevistas
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