Scarlett Johansson foi entrevistada pela WMagazine para o portfolio de Melhores Perfomances 2020, confira a tradução:
Quando eu tinha 9 anos de idade, trabalhando em um filme chamado Just Cause com Laurence Fishburne, nós estávamos viajando de avião para algum lugar para o filme, e ele me disse, “Você quer ser uma atriz ou quer ser uma estrela do cinema?” Eu não sabia qual era a diferença. Eu achava tipo, você pode ser ambos, certo? E eu percebi então que você precisa se esforçar mais e mais para se levar a lugares desconfortáveis. Se o seu propósito é ser uma estrela do cinema, bem, isso é diferente de atuar.
Ao crescer, você já quis ser uma criança da Disney?
Não, eu queria ser a Judy Garland! Eu assistia a coisas de adulto com muito pouca idade. Eu assisti a Chinatown quando tinha 9. Patrick Swayze era o meu maior crush. Ele ainda é. E David Bowie em Labyrinth. Eles abriram os meus olhos para a sexualidade. Wow! Ambos ficavam incríveis em calças extremamente apertadas.
Você tem uma música preferida no karaokê?
Eu canto uma música do Queen se estiver particularmente mal-humorada. Eu gosto de “Bohemian Rhapsody.”
Você sabe todas as palavras?
Claro! Tá brincando? Eu era uma atriz mirim: eu faço todas as partes.
Na quarta-feira, 11, foram anunciados os artistas nomeados para o Screen Actors Guild Awards 2020, e Scarlett recebeu duas indicações por suas atuações em Marriage Story e Jojo Rabbit, respectivamente Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Ademais, Jojo recebeu uma indicação na categoria de Melhor Elenco.
Johansson concedeu uma declaração ao CNN sobre o reconhecimento do seu trabalho pela premiação:
“Eu sinto bastante humildade hoje ao ser reconhecida pela nossa associação a qual compreende os artistas que eu mais admiro”.
O SAG Awards está marcado para acontecer no dia 19 de janeiro de 2020.
O New York Times divulgou uma lista com os 10 melhores atores do ano e Scarlett aparece por seu brilhantismo em Marriage Story. Confira:
Lados são o caminho do divórcio. Cada parceiro vai para um, e então todo mundo tem que escolher. Portanto de que lado Marriage Story está? Parece que do Charlie. Adam Dricer interpreta ele com tanto charme enrolado que você talvez ignore seu egoísmo (ele é um venerado diretor do centro da cidade) e falha em perceber a Nicole, a atriz que está saindo de suas sombras.
Ela emerge, na primeira cena, da escuridão para a luz, e então inunda a montagem com os atributos que Charlie acha mais adoráveis. Minutos depois, ela está enfiada em um escritório de um mediador, irada. Seus olhos estão molhados e preocupantemente pequenos. Ela não quer ser a garota dos sonhos daquela montagem. E a única maneira de resolver isso é desanuviando.
Interpretando Nicole, Scarlett Johansson talvez tenha a tarefa de atuação mais difícil do ano. Ela tem que observar e absorver enquanto Driver ferve, Laura Dern declama, Ray Liotta vaza unção e Julie Hagerty furta tudo o que pega. Mas a combinação da firmeza emocional e incerteza pessoal de Johansson é o coração desse filme.
Em algum ponto, Nicole visita o confortável, arranha-céu, escritório de advocacia da guerreira de divórcio de Los Angeles de Dern, que se inclina e tudo mas sussura, “O que nós vamos fazer é contar a sua história.” E então por uns 10 minutos, Johansson perambula pelo escritório, em reflexão, exclamação, exalação, lágrimas. Contando. Enfim. Johansson não é creditada o suficiente por ser uma boa falante em filmes; por Woody Allen, em “Scoop” e “Vicky Cristina Barcelona”, e em um filme como “Her” de Spike Jonze, onde seu doce alto é a voz de um sistema operacional inteiro. Mas dar idioma a anos de esperança inexpressada e exasperação naquele escritório de advocacia é a fala mais maravilhosa, mais humana que Johansson já fez.
Johansson está interpretando uma mulher cuja certeza, durante anos, foi dividida por segundas intenções conjugais, pela grandeza emocional de Charlie (e Driver). O que resta é tristeza, cansaço, indignação e auto-redescoberta. Talvez seja preciso uma segunda observação para descobrir que a racionalidade de Nicole (e de Johansson) obvia esse conceito como lados. Mas este é um filme de divórcio; e se está nos levando para ameias, eu estou na dela. — Wesley Morris
Confira a lista completa com todos os atores aqui.
Scarlett Johansson conseguiu mais duas indicações nesta temporada de premiações, desta vez foram do Critics’ Choice Awards. História de Um Casamento e Jojo Rabbit também receberam indicações (8 e 7, respectivamente). Confira as indicações dos dois filmes que Scarlett atua:
MELHOR FILME
MELHOR ATOR
MELHOR ATRIZ
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM
MELHOR ELENCO
MELHOR DIRETOR
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MELHOR COMÉDIA
MELHOR TRILHA SONORA
A premiação acontecerá no dia 12 de janeiro e a lista completa de indicados pode ser vista aqui.
O filme do momento: “História de Casamento”, desde a semana passada no cinema e a partir de 6 de dezembro na Netflix. Não se deixe enganar pelo título: “História de Um Casamento” não é um drama cheio de romance, mas os pequenos e grandes aborrecimentos que separam o casal Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver). O diretor Noah Baumbach (‘A Lula e a Baleia’) encontrou inspiração em seu divórcio da atriz Jennifer Jason Leigh, e Johansson também não precisou procurar muito a inspiração, porque seu segundo casamento, com um jornalista francês, também deu errado.
Scarlett Johansson: Marquei uma consulta com Noah antes mesmo de ele começar o cenário. Entrei na sala, pedi um copo de vinho branco e comecei a reclamar do meu casamento. Noah levantou-se e disse: “Engraçado, você está falando sobre isso!”
Quando você termina com alguém, começa a duvidar de si mesma. “Quem sou eu? O que eu fiz de errado? Como devo continuar?”, foi exatamente por isso que achei tão curioso trabalhar em “História de Um casamento”.
Entrevistador: Eu esperava ao longo do filme que tudo ficaria bem entre vocês dois.
Johansson: Muitos amigos e parentes me disseram que ficaram emocionados com o amor que o casal ainda sente um pelo outro, apesar das discussões. “História de Um Casamento” não é necessariamente um filme amargo. Acho que muitas vezes olhamos negativamente para os relacionamentos passados. Duas pessoas que se dedicam há muito tempo, isso não é sempre bom, independentemente do resultado?
Entrevistador: Nicole se mudou de Los Angeles para Nova York para mudar sua imagem de estrela adolescente. Lá ela conhece Charlie. Onde isso dá errado?
Johansson: Nicole quer ser levada a sério como atriz e Charlie é um diretor de sucesso em Manhattan. É assim que eles se encontram, mas é também isso que os separa. Nicole sente falta de sua casa e tem dificuldade em viver à sombra do marido. Há muita gente no filme. Na época dos meus vinte anos, tive a sensação de que sempre fui retratada de maneira hipersexual. Eu tive que lutar por um longo tempo para me livrar dessa imagem.
Entrevistador: Scarlett Johansson se joga tão profundamente que a fronteira entre ator e personagem parece dissolver-se”, escreveu nosso(s) cineasta(s) em sua crítica.
Johansson: Essa é a conquista de Noah. Ele veste seus atores com tanta força que eles começam a fazer coisas incomuns. Sou muito grato a ele por isso, mas foi realmente difícil (risos).
Entrevista traduzida do site Humo.
O novo drama da Netflix é um olhar mais sério sobre duas pessoas divorciadas que tentam continuar amigas.
Tem uma inevitabilidade em ‘Marriage Story’, um sentimento, algo como a gravidade: abrangente e firme, fácil de esquecer que está lá, pois repele lentamente em vez de atrair. Talvez por causa do script e da direção intimistas do diretor Noah Baumbach, que, apesar do assunto doloroso, faz funcionar como uma comédia romântica. Há um diálogo rico, cheio de duplo sentido e história implícita, que é entregue com tanta energia que é realmente uma pena que está a serviço de pessoas se separando e não se unindo. As camadas dos diálogos se sobrepõem e se subpõem, entregues num ritmo fácil de pessoas que se conhecem intimimamente. A câmera se aproxima e nós temos que vê-los olharem um para o outro de formas que as palavras falham em descrever.
No início de ‘Marriage Story’, a relação já acabou. Nicole (Scarlett Johansson) e Charlie (Adam Driver) Barber estão a procura de um mediador um tempo depois da decisão de se separarem, expressando um desejo de negociar a transição de separar suas vidas de forma amigável e perturbar o menos possível a vida do filho deles, Henry. Eles são avisados de quão hostil o processo pode ser então querem se salvaguardar da toxicidade que normalmente vem com o divórcio. Eles decidem por não terem advogados. Todas essas noções bem-intencionadas acabam desmoronando quando Nicole e Charlie, em busca de um fechamento, se divorciam e sucumbem à animosidade e suspeita que o sistema jurídico é construído para ter. Charlie, um diretor de teatro, lentamente percebe que Nicole, uma atriz, quer deixar Nova Iorque com o filho deles e recomeçar em Los Angeles.
‘Marriage Story’ não é necessariamente uma tragédia sobre relacionamentos; é sobre o longo processo legal que chamamos de divórcio e como ele pode envenenar quaisquer nobres intenções que as partes envolvidas têm de continuarem amigavelmente. “Esse sistema recompensa mal comportamento”, a advogada Nora Fanshaw (Laura Dern, mantendo quase toda sua energia de Big Little Lies) diz para Nicole num certo ponto. “No final do processo”, o advogado de Charlie, Jay Marotta (Ray Liotta, a perfeita antítese para Dern), diz a ele, “você irá me odiar”.
Não há como ser descrito quão bons Driver e Johansson são como os Barbers. Enquanto ‘Marriage Story’ é sobre divórcio, ele não é consumido por isso. Ao contrário, ele desliza entre tons e modos, exatamente como as pessoas durante os momentos mais sombrios de suas vidas. Os Barbers são engraçados, irônicos, carinhosos e cheios de um profundo e inexpressivel amor e desdém. Cada um oferece monólogos longos e vívidos para outros personagens, enquanto vagam por uma sala, deixam o quadro ou começam a cantar. Uma briga muda o quadro e a simpatia de um lado para o outro, enquanto Charlie e Nicole vasculham sua história em comum para que queixas sejam usadas como armas, algumas mais devastadoras que outras.
‘Marriage Story não é um filme sem alegria. É inteligente e espirituoso, com várias piadas sobre a Califórnia, graças à tensão bi-costeira de seu par central. Também co-estrelou Wallace Shawn (Vizzini em ‘A Princesa Prometida’). Ele não é extremamente importante para a história, mas toda vez que o vi na tela, foi difícil não dizer “inconcebível!” (Honestamente, é uma boa resposta para alguns de seus comportamentos nesse filme). Julie Hagerty e Merritt Wever, que respectivamente atuam como a mãe de Nicole e a sua irmã Cassie, são frequentemente hilárias enquanto lidam com a sua responsabilidade familiar de dar suporte à Nicole, apesar do enorme carinho pelo Charlie.
Um dos maiores sucessos de ‘Marriage Story’ está na sua simplicidade. Não é uma história para fazer você mudar seu pensamento sobre relacionamentos ou casamento. Ele luta pela honestidade, mesmo que seja clichê. Charlie e Nicole lidam com as mesmas coisas que os casais em incontáveis relacionamentos aprendem da maneira mais difícil, como a forma como todos as discussões são as mesmas e de maneiras diferentes, como o equilíbrio entre a satisfação de cada parceiro deve ser cuidadosamente pensado e como os problemas que podem causar o fim estão todos lá no começo.
A esperança de ‘Marriage Story’, portanto, não é até que a morte os separe. Pelo contrário, é a dignidade de qualquer bom final, um que lhe dê a clareza de entender o significado de tudo que veio antes dele.
Review traduzida do The Verge, escrita por Joshua Rivera.