27.06
2021

Às vezes uma indicação ao Oscar é a predecessora de uma carreira promissora. Quando falamos de figuras históricas, como Meryl Streep ou Denzel Washington, é só mais um número adicionado a um grande total. Nos últimos anos, talvez como resultado das mudanças na Academia, isso também tem servido para reconhecer talentos internacionais com tração global e de Hollywood, como Isabelle Huppert e Antonio Banderas.

O caso de Scarlett Johansson (36) é mais atípico. Ante as luzes da indústria desde que ela era uma criança, ela conheceu a fama mundial com 18 anos graças a Sofia Coppola e o inesquecível Lost in Translation (2003), ela acumulou prestígio devido aos seus filmes com Woody Allen, ela conquistou com sua dublagem em Her (2013) e interpretou um alien em um dos melhores filmes da década de 2010 (Under The Skin). Mas foi só no começo do ano passado que ela conseguiu sua primeira indicação ao Oscar. Apesar de não ter ganhado, pelo menos ela conquistou o feito de ser uma dos únicos intérpretes que receberam duas nomeações na mesma edição da cerimônia, por Marriage Story e Jojo Rabbit.

O próximo passo em um 2020 que prometeu ser cheio e memorável para a atriz nova-iorquina era a premiere de Viúva Negra, sua aventura final nos filmes da Marvel depois de uma década compartilhando com o Homem de Ferro e o Capitão América a mais milionária saga de blockbuster deste século. Uma turnê mundial iria acontecer que com certeza incluiria mais que um red carpet e promoções correspondentes nos lugares onde ocorreriam as premieres, tudo sob a promessa de que depois desse lançamento ela estaria livre para fazer o que quisesse com a sua carreira.

Mas desde que a pandemia surgiu nada aconteceu de acordo com o planejado, Johansson está conectada a uma chamada de vídeo em um dia de junho deste ano. Flanqueada por um fundo branco, bem iluminado e pronto como se ela fosse receber a imprensa no lugar onde está, ela protagoniza uma dessas jornadas as quais as estrelas tiveram que se acostumar no último ano e meio. O Zoom definiu a estética visual dos tempos do Covid, acionando a emergência de projetos de ficção com plots sob este formato, mas acima de tudo, forçou atores e diretores a ficar atrás de um computador para responder perguntas da mídia internacional.

Sorrindo e com uma ótima energia, como se estivesse começando com essas dinâmicas – apesar de dias antes e depois ela tenha passado pela mesma coisa – Johansson ilumina como foi parte de seu confinamento. “(A ideia) foi desenvolvida durante o tempo de quarentena, o que foi um guia total para mim. Foi algo que eu eu pensava muito, sonhava muito e focava muito. Me salvou da minha própria meditação”, ela explica em diálogo com Culto sobre um dos projetos que ela tem na agenda, o filme Bride, inspirada pela figura Noiva de Frankenstein. Anunciado no outubro passado, o film une ela ao chileno Sebastián Lelio e será um dos primeiros filmes que ela fez depois de pendurar o uniforme de superheroína.

Seu debut colaborando com o diretor de A Fantastic Woman (2017) anima ela, pelo que ela diz e pelo quão notoriamente expressiva ela fica quando fala sobre o assunto, mas esses dias ela continua no modo Natasha Romanoff, o papel que deu a ela destaque mundial e terminou fazendo ela ser uma figura reconhecível para todas as gerações.

Viúva Negra, que estreia na sexta, 9 de julho (excluindo uma quantia adicional pela plataforma da Disney+; nos cinemas no futuro, quando uma reabertura acontecer), nos leva a um tempo antes do destino fatal em Vingadores: Ultimato (2019). É a formula que eles acharam na Marvel para ela dar seu primeiro filme solo para a personagem, depois de cada personagem principal já ter acumulado uns três filmes cada.

Sob a direção da diretora australiana, as origens de Romanoff são reveladas e se faz um retrato falado da sua família, interpretada por Florence Pugh, Rachel Weisz e David Harbor. Um grupo de atores que chegam ao universo Marvel, enquanto a atriz de O Grande Truque dá um passo para o lado.

– Você está dizendo adeus para essa franquia e, ao mesmo tempo, Florence Pugh está entrando nela. Como você acha que essa ideia definiu a história e a maneira que vocês colaboraram no set?

Sabe, é engraçado, eu realmente não penso muito nisso. Obviamente é o que a audiência está experienciando, mas a personagem não está experienciando isso. Elas estão na metade de suas vidas (risos). Claro que eu fiquei emotiva sobre algumas coisas. Heidi Moneymaker é minha dublê, mas ela também tem sido a minha parceira pela última décadas nesses projetos. Eu lembro da última sequência que ela fez, foi um ótimo, ótimo momento para nós duas, a gente parou e pensou, “uau, o que a gente fez.” Você tem certos momentos durante a filmagem que pareceram tipo, “okay, isso é a culminação de algo.” Mas com a Florence nunca me senti assim. Era tão refrescante trabalhar com ela o tempo todo, me senti muito presente no trabalho que estávamos fazendo, e não pareceu que os personagens estavam se dando algo, porque ela (Pugh) está em sua própria jornada como Yelena. Eu nunca senti como se estivesse passando algo para ela. Eu acho que ela tem próprio impacto, separado do meu e da Natasha.

Em uma conferência virtual – outro formato que os atores tiveram que se acostumar na pandemia – a que foi que acessada por nós, Johansson brinca sobre como a novata poderia ofuscá-la. “Eu passei 10 anos construindo essa pose icônica com muito peso, e em um segundo ela a arrancou, pegou e quebrou, triturou e pisoteou ela.

Fora das risadas, ela foca em dizer que “Eu amo a nossa família Marvel e eu sei o quão especial ela é, e o quão especial é a experiência de fazer esses filmes. Então estou animada para outros atores entrarem.”

Ela define fazer parte da franquia como “um lugar muito único, caloroso e acolhedor”, mas é evidente que o comprometimento dela com a saga de superherói também a privou de desenvolver outros tipos de projetos. Juntamente a Robert Downey Jr. e Chris Evans, Johansson agora forma um tipo de clã que pode tirar vantagem do sucesso enorme dos filmes da Marvel para dar um gás às suas carreiras.

Reimaginando a Noiva

Na sua carreira de 1/4 de século, Scarlett Johansson trabalhou com os melhores do cinema americano, incluindo os irmãos Coen, Robert Redford, Wes Anderson e Christopher Nolan. A lógica indica que ela é a que geralmente recebe ofertas e aceita as que parecem as mais convenientes, seja um tropeço como A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell (2017) ou um sucesso que lhe dá prestígio, como História de Um Casamento.

Mas Hollywood pela primeira vez parece estar abandonando as normas clássicas e suas estrelas perseguem seus próprios papéis que lhes dão a satisfação que não encontram no meio saírem de seus escritórios. O caso mais emblemático é o da Reese Witherspoon, que se revitalizou a custo de seu papel como produtora e atriz em vários projetos sob as asas de sua empresa, Hello Sunshine.

Johansson faz sua estreia como produtora de uma longa-metragem de ficção em Viúva Negra e vai repetir esse trabalho no filme que vai reinterpretar a história da Noiva de Frankestein, que será feito com a Apple e a prestigiosa A24. Uma ideia que a perseguiu na pandemia e na qual ela colaborou lado a lado com Sebastián Lelio, seu diretor nessa aventura que, ela confessa entre piadas, ela não sabe no que vai dar.

– Como você está se preparando para filmar Bride, que será um dos seus primeiros projetos depois de Black Widow?

Eu estou entre os fãs do trabalho do Sebastián, eu admiro seu trabalho faz um bom tempo. E muitos anos atrás eu pensei, “Eu tenho que conhecer essa pessoa (ri), falar com ele.” E foi assim que nós conhecemos, só nos conhecemos. Quando ele estava em Nova Iorque uma vez, nós bebemos e conversamos sobre as nossas vidas e no que estávamos interessados. Eu estava curioso se havia algo que ele estava procurando. Eu contatei ele algumas vezes diferentes para ver algumas ideias, e então tive essa ideia louca de fazer essa reinvenção da história da Noiva, a história de origem, eu acho, meio que um remake dela.

Parte do que chamativo é que as suas duas companheiras em Viúva Negra também têm uma conexão com o diretor chileno. Rachel Weisz foi quem o contatou para dirigir o drama lésbico ambientado numa comunidade judaica, Disobediência (2017), enquanto Florence Pugh vai gravar um filme com Lelio nos próximos meses. É chamado de The Wonder e é sobre uma enfermeira que no século 19 chega em uma vila irlandesa para tratar uma garota que não come há meses.

“É uma coincidência louca. De fato, nem falei com a Florence sobre isso. Eu não acho que eles vão começar a filmar até julho talvez, então estou curiosa para saber o que a experiência deles vai ser,” fala Johansson.

Então, se o mundo não virar de cabeça para baixo novamente, as filmagens de Bride deverão começar. “Eu estou muito animada para isso. Eu acho que vai ser muito interessante,” ela ri. “Quem sabe? Veremos… ou um desastre!”.

Entrevista retirada do site La Tercera.


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