15.05
2025

A diretora de Eleanor the Great e estrela de Jurassic World Rebirth fala sobre ter sido sexualizada na adolescência, como “estamos sendo silenciados” pelos aliados de Trump na área da tecnologia, e muito mais.

“Qualquer tipo de comida de lanchonete que você escolher vai ser deliciosa — e também enorme.” Scarlett Johansson está me preparando para o que pedir no Ritz Diner, uma instituição com 60 anos localizada em seu bairro no Upper East Side. Ela acabou de entrar usando fones de ouvido grandes, um suéter de gola alta turquesa de pelúcia e um boné antigo dos Yankees. Estamos sentadas em uma pequena cabine perto da janela, com as persianas fechadas. Tecnicamente ainda estamos no meio de um inverno sombrio em Nova York, mas essa animada tarde de meados de março — com a temperatura se aproximando dos 15 °C e o sol brilhando intensamente — sinaliza o início da primavera. Antes de pedir um sanduíche de peru no pão de centeio, Johansson sugere que a mudança de estação fará bem a todos nós: “É um momento tão estranho.”

Ela sorri de jeito nervoso como o que minha mãe faz quando passa horas demais rolando notícias ruins no celular. “Pra mim, há uma sensação constante de inquietação,” ela diz. “Todo dia parece que você vai ser atingido por alguma notícia perturbadora.” Ela pede um café preto e uma água com gás. Eu comento que meu marido está insistindo para eu desativar os alertas de notícias no celular. “Não, eu entendo,” ela responde. “É horrível. Eu fico pensando: será que devo apagar todo o meu feed de notícias de uma vez?”

Trocamos mais algumas histórias sobre a ansiedade política em geral antes de Johansson me contar sobre sua experiência no Oscar, ocorrido na semana anterior. Ela apresentou uma categoria ao lado de June Squibb, a estrela de 95 anos do longa-metragem que marca a estreia de Johansson como diretora, Eleanor the Great — que, por acaso, tem o Ritz Diner como um local importante na trama. Elas acertaram em cheio uma esquete em que Squibb, na verdade, era a mais nova transformação de Bill Skarsgård, o galã camaleônico de Nosferatu e It – A Coisa. “A June estava tão empolgada que isso me deixou empolgada também”, diz Johansson.

Fora isso, ela tem uma certo “ranço” com a transmissão do Oscar: “Por que foi tão longo?” Sugiro que a longa homenagem à franquia James Bond possa ter sido uma das culpadas. “Sem comentários”, disse Johansson, para em seguida comentar: “Pareceu uma ação publicitária. Que coisa estranha.” Ela não assistiu à homenagem inteira, mas captou a reação em uma festa após a cerimônia. “As pessoas estavam tipo: ‘O que diabos foi aquilo?’”

“Ela sempre pareceu confiante em relação à direção — desde que a conheci, quando ela tinha 17 anos,” disse Sofia Coppola.

Johansson esteve pela última vez no Oscar há cinco anos, quando foi indicada duas vezes por suas atuações marcantes em História de um Casamento e Jojo Rabbit. Naquela época, a resistência de Hollywood a Donald Trump ainda era muito vocal. Hoje, ele mal é mencionado em eventos públicos, incluindo o próprio Oscar. Pergunto o que ela acha dessa mudança, já que antes da reeleição de Trump ela havia dito que a ideia de ele voltar à presidência era “inconcebível”. Ela me lembra quem esteve presente na posse de Trump em janeiro.

“Essas são as pessoas que estão financiando os estúdios. São esses caras da tecnologia que estão bancando nossa indústria, bancando o Oscar — então aí está,” diz Johansson. “Acho que estamos sendo silenciados de várias maneiras diferentes, porque a verdade é que essas grandes empresas de tecnologia estão completamente entrelaçadas com todos os aspectos da nossa vida.” Como se combate isso? “Não sei como se combate isso,” ela disse, apontando para The Apprentice, o polêmico filme sobre Trump estrelado por Sebastian Stan, que a maioria dos estúdios se recusou a tocar. (O filme foi adquirido pela pequena distribuidora Briarcliff Entertainment e recebeu duas indicações ao Oscar.) “Você pensaria: ‘Ok, dá pra lutar contra isso fazendo filmes como esse’,” ela diz. “Mas e o que aconteceu com o lançamento? Foi enterrado.”

Como os próprios amigos dela dirão, Scarlett Johansson está entre uma das A-Listers mais francas que temos. “Há uma qualidade de liderança inerente a tudo o que ela faz”, diz seu colega de Vingadores, Robert Downey Jr. Em 2021, Johansson processou a Walt Disney Company após o estúdio lançar Viúva Negra simultaneamente nos cinemas e no Disney+, um momento decisivo na luta dos atores por uma compensação justa na era do streaming. Depois de chegar a um acordo, ela retomou os negócios com a gigante do entretenimento, liderando o desenvolvimento de um filme baseado na atração Tower of Terror, no qual ela ainda está trabalhando.

Ela também criticou empresas de inteligência artificial por apropriarem sua imagem e (supostamente) sua voz, e está defendendo a criação de leis para limitar essa tecnologia. No entanto, ela lamenta estar se sentindo sozinha nessa luta. “Tem que haver algum conjunto de limites acordados para que a [IA] não seja prejudicial. Eu gostaria que mais pessoas públicas apoiassem e falassem sobre isso — não sei por que isso não acontece,” ela diz.

Johansson acompanha de perto o cenário de Hollywood. Ela está tentando criar sucessos de bilheteria em um dos momentos mais imprevisíveis do cinema recente e quer ressuscitar aquela magia das telonas dos anos 1990, que era mais comum no início de sua carreira e de sua adolescência. Isso não é novidade: Johansson tinha apenas 12 anos quando percebeu que queria ser diretora. Já havia atuado em meia dúzia de filmes como criança e estava prestes a ter sua grande chance em Encantador de Cavalos, o drama faroeste emocional dirigido por Robert Redford. Redford também atuava como diretor no filme, e Johansson sentia sua visão, seu domínio por trás das câmeras e sua sensibilidade como mentor. “Ele me sentava e dedicava um tempo enorme para me explicar todos os eventos que levaram até aquele momento no filme — e onde eu estava emocionalmente,” ela conta. “Nunca tinha vivido algo assim.”

Seu interesse só cresceu a partir daí. “Ela sempre pareceu confiante em relação à direção — desde que a conheci, quando ela tinha 17 anos,” diz Sofia Coppola, que a dirigiu em Encontros e Desencontros (Lost in Translation). Mas Johansson acabou se tornando uma das principais figuras do Universo Cinematográfico da Marvel, que faturou bilhões de dólares, chegando a ser, em certo momento, a atriz mais bem paga de Hollywood. Ela também está construindo uma família com seu marido, Colin Jost, do Saturday Night Live. Dirigir nunca saiu dos planos, mas muita coisa aconteceu em sua vida até que esse momento finalmente chegasse.

“É quase minha responsabilidade bolar alguma forma de dar o troco no Michael,” ela diz, referindo-se a Michael Che, do SNL.

Johansson estava certa: os sanduíches são realmente grandes. Mais de uma hora depois, estamos conversando com as metades praticamente intocadas ainda nos pratos. Falamos sobre a tradição do Saturday Night Live em que seu marido, Colin Jost, e seu colega de Weekend Update, Michael Che, leem as piadas mais grosseiras um do outro no teleprompter — sem saber o conteúdo de antemão. O alvo mais constante de Che? A esposa do colega.

“O Costco retirou o sanduíche de rosbife do cardápio”, começou Jost nervosamente em um episódio de dezembro. “Mas eu não tô reclamando. Tenho comido rosbife toda noite desde que minha esposa teve o bebê.” Johansson estava no estúdio, assistindo a um monitor. A câmera captou sua risada horrorizada.

“Tinham todas aquelas câmeras em cima de mim. Eu não esperava que a pegadinha fosse daquele jeito,” ela me diz agora. “Fiquei tipo: ‘Uau, vocês são mesmo garotos da sétima ou oitava série.’” Ela sorri do nada: “Sinto que é quase minha responsabilidade bolar alguma forma de dar o troco no Michael. Retaliação, eu diria, é algo que deve ser esperado. Outros no programa podem muito bem apoiar essa ideia. Sabe como é?” Seus olhos brilham como se já houvesse um plano em andamento e, após nossa entrevista, o SNL anuncia que Scarlett Johansson será a apresentadora do episódio final da temporada.

Ela engole mais uma caneca de café coado. “Você só tem que tomar cuidado com a quantidade de café que bebe numa lanchonete,” ela diz. “Você fica tipo, bzz!” Pagamos no caixa e saímos do Ritz com energia. Johansson gosta da ideia de dar uma caminhada. “Tem que tomar cuidado com a ciclovia,” ela avisa, e me conduz em uma caminhada acelerada pela First Avenue.

Nascida ali perto, no Hospital Lenox Hill, Johansson foi criada em uma família grande, principalmente no sul de Manhattan. Aos oito anos, ela já estava atuando em uma peça off-Broadway estrelada por Ethan Hawke. Sua estreia no cinema veio pouco tempo depois, em 1994, com North, de Rob Reiner, e ela recebeu ótimas críticas por seu papel principal no filme independente realista Manny & Lo, de 1996. Coppola destaca esse filme como o que colocou Johansson em seu radar.

Estamos perto do bondinho para Roosevelt Island, o que me traz uma lembrança — morei lá com meus pais depois da faculdade. A conexão entre pessoas que já viveram naquele estranho pedacinho de terra, espremido entre o Queens e o East Side de Manhattan, é singularmente forte. Acontece que Johansson também faz parte desse clube. Aos 10 anos, ela se mudou para lá com a família por um ano, enquanto estavam entre apartamentos. “Faz muito, muito tempo que não vou lá,” ela diz. “Lembra que a rua principal tinha um restaurante chinês, uma pizzaria e uma lanchonete?” Eu a asseguro que, pelo menos até uma década atrás, ainda era assim.

Os pais de Johansson se divorciaram quando ela tinha 13 anos e, eventualmente, passaram a viver em costas opostas dos EUA. Sua mãe a acompanhava de set em set como sua tutora legal. Vieram então um filme dos irmãos Coen (O Homem que Não Estava Lá), um cult adolescente adorado (Ghost World), e alguns fracassos (alguém lembra de My Brother the Pig?). Johansson trabalhava regularmente enquanto frequentava a Professional Children’s School, uma escola particular cujo público está bem definido no nome. Tomar decisões sozinha — decisões de adulto quando se é criança — é algo perigoso, né?” diz Johansson. Nos últimos anos, ela leu a autobiografia de Jennette McCurdy, I’m Glad My Mom Died (Estou Feliz que Minha Mãe Morreu), e assistiu à série documental Quiet on Set — dois relatos assustadores de infâncias destruídas pela fama. “Eu vivi aquilo e, ao mesmo tempo, tive muita sorte de ter escapado de grande parte.”

Estamos perto do bondinho para Roosevelt Island, o que me traz uma lembrança — morei lá com meus pais depois da faculdade. A conexão entre pessoas que já viveram naquele estranho pedacinho de terra, espremido entre o Queens e o East Side de Manhattan, é singularmente forte. Acontece que Johansson também faz parte desse clube. Aos 10 anos, ela se mudou para lá com a família por um ano, enquanto estavam entre apartamentos. “Faz muito, muito tempo que não vou lá,” ela diz. “Lembra que a rua principal tinha um restaurante chinês, uma pizzaria e uma lanchonete?” Eu a asseguro que, pelo menos até uma década atrás, ainda era assim.

Os pais de Johansson se divorciaram quando ela tinha 13 anos e, eventualmente, passaram a viver em costas opostas dos EUA. Sua mãe a acompanhava de set em set como sua tutora legal. Vieram então um filme dos irmãos Coen (O Homem que Não Estava Lá), um cult adolescente adorado (Ghost World), e alguns fracassos (alguém lembra de My Brother the Pig?). Johansson trabalhava regularmente enquanto frequentava a Professional Children’s School, uma escola particular cujo público está bem definido no nome.

“Tomar decisões sozinha — decisões de adulto quando se é criança — é algo perigoso, né?” diz Johansson. Nos últimos anos, ela leu a autobiografia de Jennette McCurdy, I’m Glad My Mom Died (Estou Feliz que Minha Mãe Morreu), e assistiu à série documental Quiet on Set — dois relatos assustadores de infâncias destruídas pela fama. “Eu vivi aquilo e, ao mesmo tempo, tive muita sorte de ter escapado de grande parte.”

Uma das últimas vezes em que sua mãe a acompanhou em um set foi durante as filmagens de Encontros e Desencontros (Lost in Translation). Johansson tinha 17 anos, estava morando em Tóquio e se sentia profundamente sozinha. No filme, ela retrata lindamente uma recém-formada alienada que cria um laço íntimo com um astro de cinema americano melancólico, interpretado por Bill Murray. Mas, nesse caso, a arte não imita a vida. Johansson era uma grande fã de Feitiço do Tempo (Groundhog Day) e Nosso Querido Bob (What About Bob?) desde criança, mas diz sobre Lost in Translation: “O Bill estava em um momento difícil. Todo mundo pisava em ovos ao redor dele, inclusive nossa diretora e toda a equipe, porque ele estava lidando com as coisas dele.” Ela nunca havia lidado com um ator naquele tipo de “estado mental”, como coloca diplomaticamente, e acabou se sentindo à deriva. Todos os olhares estavam voltados para ele; a ela, restava olhar para si.

No começo deste ano, Johansson reencontrou Murray no especial de 50 anos do Saturday Night Live. Ele interagiu de forma calorosa com outros no set, e ouviu relatos sobre como ele havia incentivado sinceramente os roteiristas do programa. “Ele é uma pessoa muito diferente agora,” ela diz. “Acho que a vida o tornou mais humilde.” Pergunto se ela está se referindo às recentes acusações de má conduta contra ele. (Em 2022, a produção do filme Being Mortal foi suspensa após uma funcionária da equipe alegar comportamento inapropriado por parte de Murray. Na época, Murray disse: “Fiz algo que achei engraçado, mas não foi recebido dessa forma.”). “Certamente, sim — aquilo foi muito ruim,” diz Johansson. “Mas também sei que o COVID foi algo difícil para ele. A vida — todas essas coisas levaram a ele ser responsabilizado por esse tipo de comportamento.” E acrescenta mais tarde: “Mas sabe de uma coisa? Que maravilhoso é o fato de que as pessoas podem mudar.”

Johansson ainda tem certo carinho por Encontros e Desencontros (Lost in Translation). “Tenho bastante orgulho de como lidei com tudo aquilo. Eu realmente só fiz o trabalho, sabe? É uma boa tática para atravessar certas situações.” Ela olha ao longe e então diz, baixinho: “Foco no objetivo.” Um breve silêncio se instala. A frase é um lema apropriado para Johansson. Mesmo andando por Nova York, ela é ágil e determinada. Estamos caminhando para o norte da cidade como se tivéssemos uma missão, embora sem destino aparente. Eu não sei para onde estamos indo, mas ela claramente sabe.

Até que, de repente, ela para em frente a uma loja de brinquedos. Por fora, o lugar parece meio estranho e vazio, e ela comenta em voz alta se não seria uma fachada para outra coisa, antes de entrar alegremente. Começa a olhar os produtos. “Tenho pensamentos,” ela sussurra. Não há música tocando e somos os únicos clientes. Ela está atrás de um item específico: “Algo para entreter meus filhos no carro.” Acaba escolhendo Totally Dotty Dot-to-Dots, um livro de atividades e desafios relativamente grande. “Você nunca entra em loja de brinquedo — quase não existem mais,” ela diz enquanto caminha até o caixa. Ao sair, observa: “Definitivamente tinha cheiro de pet shop lá dentro.”

Talvez seja o clima do primeiro dia de primavera, mas a cidade parece se abrir mais quando retomamos a caminhada. Ela avista um de seus mercados preferidos. Aponta fileiras de lindas casas antigas. Fica impressionada com uma barraca de frutas: “Olha esses sacos de cerejas. É tipo um milhão de cerejas.” Viramos à direita na 86th Street, rumo ao rio; chegamos ao Carl Schurz Park, outro ponto marcante do primeiro longa-metragem dirigido por Johansson, Eleanor the Great. O parque tem vista — claro — para Roosevelt Island. “Vamos encontrar o banco da Eleanor,” ela diz.

Bem, o banco da Eleanor está ocupado. Todos os bancos estão. Os nova-iorquinos não desperdiçam um dia como este. Nós conseguimos um lugar que acabou de ser desocupado, e Johansson tira o suéter de gola alta. “Ah, sim, querida”, ela exclama em direção ao East River. “Vamos tomar um solzinho.” Ela se recosta de regata branca e fecha os olhos.

Johansson transformou Eleanor the Great em um projeto caseiro, filmando em diversos pontos do alto de Manhattan, onde vive, com uma rápida escapada até Coney Island — lugar onde passou momentos com seu avô quando criança. O filme acompanha Eleanor, interpretada por June Squibb, uma aposentada que deixa seu apartamento na Flórida após a morte de sua colega de quarto e melhor amiga, Bessie (Rita Zohar). Ela se muda para o apartamento da filha (Jessica Hecht) em Nova York e começa a frequentar um grupo de sobreviventes do Holocausto. O problema: Eleanor não é uma sobrevivente. Ela está se apropriando da história de Bessie, num ato confuso, porém humano, de engano — nascido do luto, da solidão e talvez até do tédio.

É uma performance brilhante de Squibb, que foi indicada ao Oscar por Nebraska, de Alexander Payne, e elogiada pelo trabalho no ano passado em Thelma. Na verdade, todo o elenco se destaca: Erin Kellyman como uma estudante de jornalismo intrigada por Eleanor; Hecht, que contracenou com Johansson na Broadway em Panorama Visto da Ponte, em 2010; e Zohar, uma atriz veterana que já brilhou no teatro iídiche e entrega uma atuação profundamente comovente. A sensibilidade de Johansson como diretora de atores é evidente. Mas realizar um filme tão bem acabado, envolvente e acessível com um orçamento quase inexistente? Isso estava longe de ser garantido.

“Fiquei impressionada com o quanto ela era aberta”, diz Squibb. “Não tem enrolação. Não existe absolutamente nenhum ‘joguinho’ com ela. Quem ela é, é quem você tem o tempo todo.” Pergunto a Squibb por que ela acha que é assim. “Acho que ela gosta de si mesma — acho que Scarlett curte ser a Scarlett”, diz ela. “E isso é algo positivo, porque permite que ela diga: ‘Essa sou eu, “atura ou surta”’. Acho que é assim que ela vive a vida, basicamente.”

O roteiro de Tory Kamen chegou até Johansson por meio de sua produtora, These Pictures. Pareceu o momento certo para mergulhar de cabeça. “Me lembrou muito aqueles filmes independentes dos anos 90, como Vivendo Intensamente (Living Out Loud)”, diz Johansson. Quando criança, ela era muito próxima de sua avó judia: “Consegui me identificar com essa parte da história. Se não conseguisse, teria sido mais difícil, acho — e talvez nem fosse apropriado eu dirigir esse projeto.” Ela aprendeu rápido o quão difícil é financiar um drama intimista nos dias de hoje — especialmente quando a protagonista está na casa dos 90 anos. “O projeto desmoronou tantas vezes”, ela conta. “Os financiadores independentes perguntavam: ‘Ah, você quer fazer isso na primavera que vem?’ E eu dizia: ‘Não sei se você me ouviu direito. A protagonista tem 94 anos. Ela está pronta pra fazer isso agora.’”

Na época da entrevista, Johansson já havia submetido o filme ao Festival de Cannes. Ela adoraria que ele estreasse por lá e estava ansiosa, já que ainda não tinha recebido uma resposta: “Por que tá demorando tanto? O que está acontecendo?” (No fim das contas, o filme seria aceito em Cannes.) A Sony Pictures Classics está prevista para lançar Eleanor the Great no outono, com o apoio adicional da Wayfarer Studios, produtora co-fundada por Justin Baldoni. Johansson nunca chegou a conhecer Baldoni, já que ele estava ocupado dirigindo It Ends With Us, o projeto no centro de sua explosiva disputa judicial com Blake Lively, que o acusou de assédio sexual (ele nega as acusações e está processando Lively por difamação, entre outras alegações). Quando menciono o nome de Baldoni, Johansson solta uma risada alta e cheia de significado. Essa virou a reação padrão atualmente, dada a dimensão pública da briga. “Eles foram super solidários durante todo o processo”, ela diz sobre a Wayfarer. “Mas, sim, que timing mais esquisito.”

Enquanto filmava Eleanor, Johansson também garantiu outro projeto de grande visibilidade: o papel principal no próximo longa Jurassic World Rebirth. Ela embarcou nesse blockbuster do outro lado do mundo logo após encerrar as filmagens de Eleanor. Qual seria a diferença entre os orçamentos dos dois filmes? “Diria que Eleanor custou tipo 300 vezes menos.” O sorriso irônico sugere um toque de exagero, mas vindo de alguém que há anos sabe equilibrar o cinema pipoca com o independente, faz todo sentido.

Depois de terminar dias exaustivos no set de Rebirth, Johansson mergulhava diretamente na pós-produção de Eleanor. “Eu estava bem longe, então o fuso horário funcionava a meu favor — eu conseguia ir direto para a edição, o que foi maravilhoso”, conta. O filme ficou enxuto, com menos de duas horas. “Os filmes hoje em dia são muito longos — longos demais, você não acha?” ela diz. “Parece um dever.” Ela está particularmente satisfeita com o fato de Wes Anderson ter cortado seu novo longa, The Phoenician Scheme — no qual Johansson tem uma participação pequena, mas marcante — para apenas 1 hora e 41 minutos.

Johansson se apoia na grade do parque para aproveitar plenamente a vista. “Não é um paraíso?”, ela pergunta. “Deus, fazia tanto tempo que eu não sentia o sol na pele.” Ela relaxou bastante nas poucas horas em que estivemos juntas. Quando pergunto o que sente em relação a dar entrevistas hoje em dia, ela responde sem hesitar: “Sempre fico meio receosa porque são muito subjetivas.” Houve vezes em que conversas aparentemente genuínas foram retratadas por jornalistas de forma distorcida, o que a surpreendeu e soou injusto. “Adoro conversar, ouvir, compartilhar histórias, me solidarizar, me abrir—acho que sou um livro bem aberto”, ela completa. Então parece se corrigir: “Quer dizer, claro, sou reservada em algumas coisas—como todo mundo precisa ser.”

Na adolescência e início dos 20 anos, Johansson foi constantemente—e descaradamente—objetificada por jornalistas, homens e mulheres. “A pessoa descrevia meu corpo—e você não espera que essa seja a conclusão da conversa”, ela diz. “Eles estavam encarando meus lábios o tempo todo? Que falta de educação.” Ela menciona um vídeo recente no Instagram da atriz Millie Bobby Brown, que chamou jornalistas pelo nome após comentários depreciativos sobre sua aparência. “Ela tem 21 anos, e são jornalistas conhecidos”, diz Johansson. “Acho que isso ainda acontece. Mas não acho que as pessoas possam continuar fazendo isso.”

Esse tipo de dinâmica contribuiu para um período de insatisfação profissional, e foi uma das razões pelas quais Johansson considerou seriamente a direção. “Depois de Lost in Translation, todos os papéis que me ofereciam por anos eram ‘a namorada’, ‘a outra’, um objeto sexual—eu não conseguia sair desse ciclo”, ela lembra. “Parecia que isso tinha virado minha identidade como atriz. E eu não podia fazer muita coisa com isso.” Seus agentes da época não ajudavam. “Eles estavam apenas reagindo ao que era considerado normal”, diz. “A indústria sempre funcionou assim.”

Porém essa situação se torna especialmente difícil quando coincide com a transição para a vida adulta. “Você vai despertando para sua sexualidade, sua atratividade como parte do crescimento, e isso é excitante, descobrir quem você é. Você usa as roupas que quer, se expressa, e de repente percebe: ‘Espera, sinto que estão me’—não quero usar a palavra ‘explorar’ porque ela é muito forte.” Digo que, para mim, a palavra não parece errada. Johansson concorda com um aceno. “Esse termo é pesado, mas sim, foi uma espécie de exploração.”

“Quando alguém é bem-sucedido, é fácil pensar que sempre foi assim, mas ela superou mais obstáculos do que as pessoas imaginam para chegar onde está”, diz Colin Jost, seu marido, por e-mail. “Ela não perde essa perspectiva quando pensa no que os outros estão enfrentando.”

Dois projetos em 2010 mudaram sua carreira: a peça A View From the Bridge, que lhe rendeu um Tony, e Iron Man 2, que a transformou em uma estrela de cinema. Mas Johansson não foi a primeira escolha para o papel de Natasha Romanoff, a Viúva Negra—o papel foi inicialmente oferecido a Emily Blunt. “Parecia que tudo estava se alinhando, e então não rolou, fiquei devastada”, ela conta. Depois, quando Blunt precisou recusar por conflito de agenda, Johansson recebeu o que ela chama de “a melhor ligação da vida”. “Lembro do teste de câmera da Scarlett como se fosse ontem”, diz Robert Downey Jr. “Ela mergulhou na personagem, e ficamos hipnotizados. Era uma quietude confiante, uma intensidade silenciosa—nunca vi nada igual. Aí gritavam ‘corta’ e ela voltava a ser a Scarlett engraçada e acessível, como um botão de carisma que liga e desliga.”

Johansson se tornou a mulher mais proeminente do elenco dos Vingadores e se despediu da franquia com Black Widow. Mesmo com colegas como Downey e Chris Hemsworth retornando para Avengers: Doomsday, ela garante que sua despedida foi definitiva. “Seria muito difícil entender de que forma [voltar] faria sentido para mim, para a personagem”, afirma. “Sinto falta dos meus amigos e adoraria estar com eles para sempre, mas o que funciona na personagem é que sua história foi encerrada. Não quero mexer nisso. Também pelos fãs—isso é importante para eles.”

De todo modo, Johansson nunca ficou presa à caixa dos blockbusters. Fundou sua produtora em 2017. Fez uma performance hipnótica e perturbadora no thriller experimental Under the Skin, de Jonathan Glazer, e conseguiu duas indicações ao Oscar no mesmo ano por História de um Casamento e Jojo Rabbit. Jost diz que esse último a tocou mais do que qualquer outro trabalho dela nos oito anos em que estão juntos: “O charme real dela aparece nesse filme de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Não sei se alguém mais conseguiria interpretar aquele papel daquela forma. É especial.”

Johansson descreve esse período como cheio de “grandes aprendizados”. Em 2018, ela se preparava para interpretar um homem trans em Rub & Tug e, num primeiro momento, se manteve firme diante da reação negativa antes de, mais tarde, desistir do papel. “Às vezes, é melhor simplesmente ouvir”, ela diz agora. O filme nunca foi produzido com outro ator, algo que a decepcionou. Segundo ela, a identidade da personagem—um criminoso com um passado sombrio—acabou sendo espinhosa demais para Hollywood: “A conversa era tipo, ‘Ainda deveríamos fazer esse filme com o elenco certo.’ Mas parecia impossível sem realmente deixar alguém furioso. É uma pena, porque essas histórias precisam ser contadas. Elas merecem ser contadas.”

Em História de um Casamento, Johansson começou as filmagens pouco depois de se divorciar do seu segundo marido, o jornalista francês Romain Dauriac, com quem tem uma filha. (Ela teve seu segundo filho com Colin Jost em 2021.) “Eu conversava com ela enquanto escrevia, e a gente se encontrava para bater longos papos sobre nossas próprias experiências e o universo emocional do divórcio—e como isso nos transformou”, conta o diretor Noah Baumbach. Isso transparece no resultado: Johansson nunca esteve tão exposta e intensa em cena. Mas durante a temporada de premiações, algo a incomodou: a falta de reconhecimento por seu terceiro filme de 2019, Vingadores: Ultimato. Johansson leva a sério seu ofício e acredita que o sucesso comercial de um longa não deveria impedir seu reconhecimento artístico.

“Como esse filme não foi indicado ao Oscar?”, ela pergunta, referindo-se à categoria de melhor filme. (Endgame recebeu apenas uma indicação, por efeitos visuais.) “Era um filme impossível, que não deveria ter funcionado, mas funciona como cinema—e além disso, é um dos filmes mais bem-sucedidos de todos os tempos.”

Jurassic World Rebirth tem tudo para ser o próximo grande sucesso de bilheteria de Johansson, se for levado em conta o desempenho das produções anteriores da franquia. O filme a forçou a confiar mais nos próprios instintos—algo com que ela ainda luta. Nos últimos dias de gravação, ela rodava a cena de introdução de sua personagem, Zora, uma especialista em operações secretas. O cenário era caótico: uma locação no Brooklyn em que Zora entra em um carro e conhece o homem que tenta recrutá-la para localizar material genético valioso em uma instalação de pesquisa do Jurassic Park original. Ela só aceita após sair do carro e receber a promessa de uma boa recompensa. Cada tomada exigia dar a volta no quarteirão em meio ao trânsito real da cidade. “Quando a cena termina, são 10 minutos dirigindo em engarrafamento total só para voltar ao ponto de partida, e leva tanto tempo entre uma tomada e outra que é impossível manter o ritmo”, ela explica.

No meio desse caos, o diretor Gareth Edwards pediu que Johansson interpretasse a cena de forma mais “inescrutável”, como ela lembra—mas ela não concordava com essa leitura. Ainda assim, tentou ajustar sua atuação para seguir a direção. “Passam-se 30 minutos e estou fazendo de novo, olho para o chão e penso: ‘Não! Não, isso não está certo. Isso está errado.’ ” Felizmente, os takes iniciais já estavam salvos.

Johansson ri ao lembrar de filmar Jurassic World Rebirth em plena temporada de monções na Tailândia: “Filmar em uma monção não é o ideal.” Depois, ao assistir à versão tailandesa de The White Lotus, bateu um certo ciúme: “Eu pensei, ‘É assim que se faz. Outra estação!’”

Na época em que conversaram, nem Johansson nem o repórter haviam visto cenas do filme. Prometeram se falar novamente depois de assistirem. Caminharam por mais uns 20 minutos por Manhattan antes de se despedirem. Semanas depois, se reencontraram. O “manto de inquietação” que Johansson mencionara na primeira conversa estava ainda mais pesado com o anúncio do plano extremo de tarifas do presidente. “É assustador,” ela comenta por Zoom. “A inquietação continua.”

Agora, Johansson já assistiu a algumas cenas durante o trabalho de pós-produção de áudio e participou de uma animada apresentação de trechos do filme na CinemaCon em Las Vegas. O jornalista também teve acesso a trechos brutos nos estúdios da Universal, incluindo aquela cena difícil no carro. Tudo indica que usaram um dos primeiros takes. A Zora que conhecemos na tela é calma, decidida, clara no que quer. Inteligente, líder, sem paciência para enrolação. Se nada mais, a própria Johansson está impressa na personagem. “Pensei em você, na verdade,” ela diz sobre sua reação ao rever a cena. “Fiquei feliz. Que bom.”

O rolo de Rebirth exibido para o repórter tem o clima de um retorno vibrante e envolvente, repleto de homenagens a Spielberg e impulsionado por um senso de aventura que falta em muitas continuações de grandes franquias. E tem uma dose de leveza também. O roteiro é assinado por David Koepp, roteirista do Jurassic Park original, que não escrevia para a franquia desde os anos 1990. Já o diretor Gareth Edwards é um declarado discípulo de Spielberg.

O filme aproveita lindamente—e às vezes assustadoramente—os cenários naturais da Tailândia. Mas as condições foram brutais. “Eles construíam pisos no meio da floresta tropical, levavam eletricidade e banheiros portáteis para a equipe, e depois tinham que desmontar tudo e deixar o local intacto—mas como filmamos durante a monção, vinha uma enchente repentina e levava metade do set embora,” conta Johansson. “Filmar em uma monção realmente não é o ideal.” Ela ri ao lembrar de The White Lotus: “Pensei, ‘Era só trocar a estação!’”

Seu colega de elenco, Mahershala Ali, a descreveu como um porto seguro em meio ao caos. “Pode levar quatro meses e passar por três países diferentes para concluir uma cena, e nada disso chocava a Scarlett—mas, sendo honesto, me abalava,” diz o ator vencedor de dois Oscars. “Quando você começa a reagir ou pirar com certas demandas ou com a realidade de filmar algo tão grande, é só olhar para a Scarlett e ver como ela está centrada. Eu sentia a experiência dela.”

Com estreia marcada para 2 de julho, Rebirth se passa cinco anos após Jurassic World: Domínio. A ilha onde Johansson e o grupo ficam presos abriga experimentos fracassados com dinossauros—perigosos, claro. Johansson está empolgada com o que viu até agora. E faz sentido: ela tenta entrar em um filme da franquia Jurassic há mais de uma década. Ela adora a saga e acredita no poder duradouro das grandes franquias. “O Exterminador do Futuro 2 é um dos melhores filmes já feitos,” ela diz, destacando como boas ideias novas e elementos nostálgicos podem funcionar juntos. “É sobre atenção e não se acomodar.”

Há algo simbólico em Rebirth e Eleanor the Great chegarem aos cinemas no mesmo ano. Os dois projetos representam sonhos antigos e mostram o resultado de décadas de experiência: em Rebirth, ela assume com naturalidade o papel de rosto principal de uma franquia bilionária; em Eleanor, conduz seu primeiro longa como se já tivesse feito vinte. (“A líder sempre foi a Scarlett,” diz June Squibb.) Ambos também remetem a estilos nostálgicos de cinema aos quais Johansson sempre retorna.

Agora que está mais envolvida na produção dos próprios filmes, ela tenta entender o que ainda funciona nos cinemas e como o streaming está dominando tudo. “Eu passo muito tempo tentando decifrar isso. Outros atores que também produzem pensam muito nisso. Eu e o Hemsworth falamos bastante sobre isso,” diz ela, referindo-se ao colega Chris. “Mas as pessoas esquecem que é um negócio. Mesmo os criativos esquecem que é um negócio.” Johansson não esquece. Ela é reflexiva, mas prática—e, pelo que o repórter viu ao andar por Manhattan com ela, com um ótimo senso de direção também.

Via Vanity Fair.

04.02
2025

Em prévia exclusiva para a revista Vanity Fair, Scarlett Johansson e seus companheiros de elenco de Jurassic World Rebirth, Jonathan Bailey e Mahershala Ali falam sobre o novo filme e seus personagens, além de novas informações sobre o filme e sua visão aterrorizante para o novo capítulo da ranquia de Jurassic Park.

Confira a matéria traduzida na íntegra pelo SJBR:


Jurassic World Rebirth vai direto ao ponto: Há um pouco de tudo que é assustador

“Se eu não posso inspirar amor, eu causarei medo.” Assim rugiu a criatura no romance de Mary Shelley, Frankenstein, de 1818, mas essa frase também se aplica agora a um dos descendentes modernos da clássica história de ressurreição: Jurassic Park. No mais recente filme da colossal franquia blockbuster, Jurassic World Rebirth, os habitantes desse mundo não são muito diferentes dos espectadores de cinema hoje: as pessoas já viram dinossauros muitas vezes ao longo dos anos. Elas os viram ressuscitar da extinção, viram-nos escapar e causar caos, e os viram tantas vezes que o assombro foi substituído por indiferença. Os dinossauros não inspiram mais amor. 

Portanto, o produtor Frank Marshall e Steven Spielberg, que surpreenderam o público com os efeitos visuais inovadores do original de 1993, sentiram que Rebirth deveria se concentrar em causar medo. Após completar duas trilogias de filmes, que geraram coletivamente bilhões de dólares nas bilheteiras globais, eles acreditavam que um sétimo filme teria que elevar o risco a novos níveis. “Sempre disse que os efeitos visuais são ótimos, CGI é uma ótima ferramenta, mas isso te deixa preguiçoso porque você sabe que pode fazer qualquer coisa,” diz Marshall à Vanity Fair para esta prévia exclusiva. “Tem que ser perigoso.” 

Essa se tornou a missão de Rebirth: “Você está em um novo lugar, não sabe o que vai acontecer em seguida. Você tem uma selva diferente, tem mais água, tem penhascos mais altos,” diz Marshall. “Há um pouco de tudo que é assustador.” Adicione a isso uma nova variedade de criaturas literalmente projetadas para desencadear a luta ou a fuga.

A história segue membros de uma equipe de recuperação — liderada por Scarlett Johansson, Mahershala Ali e Jonathan Bailey — enquanto eles se aventuram em uma ilha próxima ao equador que já foi o lar do laboratório de pesquisa do primeiro Jurassic Park. A equipe está tentando recuperar material genético que poderia levar a um avanço médico para a humanidade, mas três décadas depois, os erros cometidos naquela instalação arruinada não desapareceram. Eles persistiram — e apenas cresceram. “Esses são os dinossauros que não funcionaram. Há algumas mutações ali,” diz Marshall. “Todos eles são baseados em pesquisas reais sobre dinossauros, mas eles parecem um pouco diferentes.” 

Imagine a versão pesadelo dos gigantes lagartos que evoluíram naturalmente milhões de anos atrás. O diretor de Rebirth, Gareth Edwards, mais conhecido pelo conto de Star Wars de 2016, Rogue One, e pela distopia de IA de 2023, The Creator, se inspirou em clássicos que têm causado calafrios por gerações. “Quando você cria uma criatura, você pega uma grande panela e despeja seus monstros favoritos de outros filmes e livros,” diz ele. 

As credenciais monstruosas do cineasta já estão bem estabelecidas. Ele fez sua estreia com Monsters, de 2010, sobre titãs alienígenas invasivos que caem na Terra, e seguiu isso enfrentando o avô dos kaijus ameaçadores ao planeta com Godzilla, de 2014. Adicionando à sua inspiração para os dinossauros de Rebirth estavam alguns outros favoritos: o esquelético Xenomorfo de Alien, o monstro gigante da masmorra de Star Wars: O Retorno de Jedi e o vilão original do primeiro Jurassic Park de Spielberg. Essas referências aparecem todas em um dinossauro particularmente distorcido que aparece no trailer que será lançado na quarta-feira. “Algum Rancor (monstro reptiliano de Star Wars: O Retorno de Jedi) entrou ali, algum H.R. Giger (artista criador do Xenomorfo de Alien) entrou ali, um pouco de T. Rex entrou ali…” diz Edwards.

A coisa que mais assustou Edwards foi corresponder ao predecessor de Rebirth, que ele sente que tem sido disfarçado como um filme voltado para a família ao longo dos anos. “Jurassic Park é um filme de terror no programa de proteção a testemunhas,” acrescenta Edwards. “A maioria das pessoas não pensa nisso dessa forma. Todos nós fomos ver quando éramos crianças. Mas, para ser honesto, eu estava morrendo de medo quando estava no cinema assistindo ao ataque do T. Rex. É uma das cenas mais bem dirigidas da história do cinema, então a barra está realmente alta para entrar e tentar fazer isso.” 

O roteirista David Koepp (Death Becomes Her, Spider-Man de 2002), que adaptou o romance de 1990 do falecido Michael Crichton para o primeiro filme, voltou ao material original para retirar uma cena para o novo filme que ele sempre quis usar. Marshall revelou que é uma sequência em que Dr. Grant e as duas crianças tentam flutuar por uma lagoa em uma balsa de borracha sem acordar um Tiranossauro Rex adormecido. Eles não conseguem. “O tiranossauro estava agora dentro da água até o peito, mas podia manter sua grande cabeça bem acima da superfície,” escreveu Crichton. “Então Grant percebeu que o animal não estava nadando, estava andando, porque momentos depois apenas a parte superior da cabeça—os olhos e as narinas— apareciam acima da superfície. Naquele momento parecia um crocodilo e nadava como um crocodilo, balançando sua grande cauda para frente e para trás, fazendo com que a água se agitasse atrás dele.”

O ingrediente final para o fator de terror do novo filme, diz Edwards, é fornecido pelo público: o medo instintivo e duradouro de ser perseguido e devorado. “Há algo muito primal que está enterrado profundamente dentro de todos nós,” afirma. “Como mamíferos, evoluímos [com] esse medo do animal maior que um dia vai aparecer e talvez nos mate ou a nossa família. No momento em que vemos isso acontecendo na tela, você pensa: ‘Eu sabia… Estávamos bem demais por tempo demais.’” 

A complacência foi o maior risco para os primeiros humanos. Marshall credita a Koepp, que retorna à franquia Jurassic pela primeira vez desde a sequência de 1997, The Lost World, por introduzir essa noção em Rebirth. “Ele teve essa ideia de que os dinossauros estavam fora de moda agora. As pessoas estavam cansadas deles. Eles eram um incômodo,” diz Marshall. “As pessoas não estavam indo a museus para vê-los ou a zoológicos de contato. Eles estavam apenas atrapalhando. E o clima não era propício para sua sobrevivência, então eles estavam começando a desaparecer e ficar doentes. Mas havia uma área ao redor do equador que tinha o clima, temperatura e ambiente perfeitos para eles.” 

Isso leva a uma cena em Rebirth que evoca uma imagem icônica do primeiro Jurassic Park, quando o T. Rex arrebenta o centro de visitantes, batalha com alguns velociraptors e ruge enquanto derruba uma placa iluminada que diz: “Quando os Dinossauros Governavam a Terra.” No novo filme, uma imagem semelhante aparece na abertura, mas de uma forma menos majestosa. “Bem, a faixa está caindo novamente,” diz Marshall. “Jonny Bailey é um cientista em um museu que está fechando sua exposição de dinossauros.” 

Aqueles que virarem as costas para os dinossauros viverão para se arrepender disso, embora provavelmente não por muito tempo.

Filmes de monstros só são assustadores se o público se importa com as pessoas em perigo. Jurassic World: Rebirth apresenta um trio de personagens centrais interpretados por Johansson, Ali e Bailey, que têm uma missão genuinamente altruísta e habilidades que podem ajudá-los a sobreviver tempo suficiente para completá-la. “Uma empresa que [o personagem de Rupert Friend] representa descobre uma maneira de curar doenças cardíacas,” diz Marshall, “mas você precisa do DNA dos três maiores dinossauros da terra, do mar e do ar. Esses três dinossauros existem nesta ilha onde foram criados pela primeira vez, mas é uma zona proibida.” 

Johansson lidera a missão como Zora Bennet, a líder da equipe de recuperação. “Ela é alguém que é uma agente operativa especial. Ela esteve nas forças armadas durante toda a sua carreira. Provavelmente trabalhou para um contratante privado por algum tempo, e agora está trabalhando para si mesma,” diz Johansson. A atriz sempre quis enfrentar dinossauros desde que era criança e ficou obcecada pelo primeiro filme. “Eu era realmente louca pelo filme, e dormi em uma barraca de Jurassic Park no meu quarto que eu compartilhava com minha irmã por um ano,” ela diz. “Sempre que as publicações anunciavam um novo filme de Jurassic, eu enviava para meus agentes como: ‘Ei, estou disponível.’”

O mais próximo que Johansson chegou foi em 2020, quando seu trabalho em refilmagens para um filme da Marvel ocorreu em um estúdio britânico vizinho ao de Jurassic World: Dominion. “Na verdade, eu estava filmando Viúva Negra em Pinewood ao mesmo tempo. Eu disse: ‘Mostre-me os sets! Quero participar!’” Somente mais tarde, quando teve uma reunião geral com Spielberg para discutir possíveis projetos futuros, seu sonho de dinossauro se tornou realidade. 

“Eu realmente não tinha sentado com ele e falado sobre trabalho, e passamos horas apenas colocando a conversa em dia e conversando, e então, em algum momento, muitas horas depois, ele disse: ‘Espere, nós deveríamos falar sobre Jurassic. Ouvi dizer que você é uma super fã?’ Eu disse: ‘É verdade. Estou confirmando. Sou uma super fã.’” Ela não contou a ele sobre a barraca. “Eu pensei: ‘Ele vai achar que sou uma stalker estranha.’” 

Agora ela se arrepende disso. Johansson tem muitas boas memórias de meninas pequenas vestidas como Natasha Romanoff. “Obviamente, com todas as coisas dos Vingadores, você conhece muitos fãs que estão profundamente emocionados pelos personagens e pelo mundo do qual você faz parte,” diz ela. “Eu entendo. É sempre maravilhoso conhecer pessoas assim. Eu provavelmente deveria ter apenas contado a ele. Mas eu pensei: ‘Apenas seja profissional. Não pareça desesperada. Não mencione a barraca.’”

Cerca de um mês depois disso, Johansson tinha o roteiro de Koepp e estava propondo suas próprias ideias para o personagem. “Eu só queria entender quais eram os riscos para ela, e que ela não era movida apenas por dinheiro ou poder. Você queria que isso parecesse pessoal para ela,” diz ela. “Você tem que amar os personagens e querer torcer por eles. O filme não pode se sustentar apenas pelos dinossauros.” 

Zora evoluiu para ser menos mercenária. “Ela é alguém que se dedicou a salvar outras pessoas, e eu acho que ela está em uma encruzilhada profissional. Acho que ela está esgotada,” diz Johansson. Se tudo correr bem, este pode ser o trabalho que permite à personagem se aposentar de zonas de perigo. “Claro que tudo dá errado, mas essa é a parte divertida,” diz ela. 

Enquanto traça um novo rumo para a franquia, Jurassic World: Rebirth também promete algumas referências ao Jurassic Park original. Bailey sugere que seu paleontólogo, Dr. Henry Loomis, tem uma história com o intrépido personagem de Sam Neill. “Eu sempre quis deixar o Dr. Alan Grant orgulhoso,” diz o ator. “Você vai ter que esperar para ver qual é o tipo de ligação entre eles.” 

Seu herói professor contrasta com o recente papel de destaque de Bailey como Fiyero em Wicked, um personagem menos intelectual que despreza a biblioteca e chuta livros de lado em sua canção marcante “Dancing Through Life.” O Dr. Loomis ficaria horrorizado. Bailey diz que seu personagem em Rebirth “reforça grandes argumentos cerebrais e emocionais sobre o mundo natural e como nós, como humanos, vivemos nossas vidas.”

Ao contrário dos outros, ele não está preparado para combate, o que o coloca em risco extra na Ilha dos Dinossauros Desajustados. Ele pode estar um pouco fascinado demais por eles e não ser cauteloso o suficiente enquanto guia a equipe na colheita do material genético dos dinossauros. “Seus pontos fortes são sua compaixão, entusiasmo e fome pelo mundo natural,” diz Bailey. “Essa é sua genialidade e também sua queda.” 

Falando sobre a extração de DNA, o novo filme faz isso com o próprio Spielberg, que atua como produtor executivo em Rebirth. “Para mim, é como um filme de assalto que se encontra com todos os filmes de Steven Spielberg que eu amava quando crescia,” diz Edwards. “Os três filmes que estávamos orbitando eram Tubarão, Indiana Jones e a admiração e maravilha do Jurassic Park original.”

O personagem de Bailey canaliza o Dr. Jones em uma sequência ambientada em um penhasco alto, quando ele tenta extrair fluido dos ovos de alguns dinossauros voadores que dizem ter o tamanho de caças. O ovo é aproximadamente do mesmo tamanho que o ídolo dourado da sequência de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida (que foi o primeiro de muitos filmes que Marshall fez com Spielberg). “O roteiro original apenas mencionava o ninho em um penhasco e eu realmente senti que estávamos na América Central, e gostei da ideia de que havia uma antiga civilização aqui em algum momento,” disse Edwards. Em vez de uma caverna, ele fez do cenário “um antigo templo no estilo Inca que havia sido abandonado há centenas de milhares de anos. Inevitavelmente, no segundo em que você faz isso, você começa a pensar: ‘Isso é muito Indiana Jones.’” 

Bailey aponta que a relação entre os três protagonistas reflete outro clássico monstruoso de Spielberg sobre um tubarão assassino. “Assim como em Tubarão, você vê como três pessoas reagem ao mesmo nível extremo de sobrevivência,” diz ele. Seu Dr. Loomis é como o oceanógrafo estudioso interpretado por Richard Dreyfuss; Johansson é a líder endurecida pela batalha, como o chefe de polícia Martin Brody, interpretado por Roy Scheider; e Duncan Kincaid, interpretado por Ali, um especialista em logística de operações especiais que os guia para a ilha, tem elementos do marinheiro desgastado de Robert Shaw, Quint. 

“Essa é a impressão dele, mas eu aprecio a observação do Jonny,” diz Ali. “Ele é um amante do cinema, um cinéfilo, e está sempre procurando as conexões e dissecando as coisas.”

Ali pode não ter necessariamente tido o anti-herói antagonista de Shaw em mente durante a performance, mas há paralelos inegáveis. Cada um tem um exterior endurecido, enquanto está um tanto destruído por dentro. “Kincaid é um cara que, neste ponto da vida, escolheu viver fora da rede,” diz Ali. “Ele está na Guiana, mas é alguém que tem sido um bom amigo de Zora e está sempre disposto a ajudar quando ela precisa que algo seja feito de forma discreta. Ele é um cara de bom coração, mas definitivamente passou por algumas tragédias em sua vida. No geral, ele aprendeu a conviver com suas feridas e está fazendo o melhor da vida que tem.” 

A chave para criar um humano memorável em uma filme escapista de alto orçamento e repleto de efeitos visuais é encontrar algo íntimo para colocar na tela ao lado da bravata, acrescenta Ali. “Fazer algo tão grande é muito novo para mim,” diz o vencedor do Oscar duas vezes por Moonlight e Green Book. “É um pouco como um teste pessoal: Posso existir em um espaço tão grande, em algo que é muito maior do que você e talvez seus próprios talentos específicos? É apenas difícil de realizar. Eu acho que quanto maiores as coisas são, mais difícil isso pode ser. Mas havia pessoas em Tubarão e em Jurassic Park, em Star Wars e nesses enormes filmes de sucesso que ressoavam com autenticidade e uma certa verdade e propósito que faziam esses filmes valerem a pena assistir repetidamente.”

Seu objetivo era tornar Kincaid adorável para o público. “Eu realmente entrei nisso esperando trazer algo especial e leve para esse personagem, para realmente trazer uma energia e um coração a ele,” diz Ali. “Esses grandes filmes de sucesso não são filmados de uma maneira que necessariamente te prepare para sentir isso o tempo todo, porque é muito difícil filmar essas sequências de ação e correr de uma bola de tênis e coisas desse tipo.” 

Quanto piores as coisas ficam na ilha, mais relacionável Kincaid parece. “Surge essa oportunidade para ele evoluir porque eles estão passando por essa experiência de vida ou morte. Há pessoas ao redor deles que estão morrendo, e isso proporciona uma mudança de perspectiva.” 

“Morrendo” pode ser o eufemismo mais elegante para “devorado por lagartos gigantes” que já foi usado. 

“É minha maneira educada de dizer que, neste tipo de filme, as pessoas morrem, certo?” diz Ali. “Não há nenhuma versão do roteiro onde todos sobrevivem.”

15.07
2024

Química sempre foi o molho secreto de Hollywood e, pelo menos, para as comédias românticas, o ponto alto continua sendo a dupla de Doris Day e Rock Hudson. A maioria dos cineastas consegue nomear sua primeira colaboração Pillow Talk em 1959, mas as outras como Lover Come Back (1961) e Send Me No Flowers (1964) não vêm à mente tão rapidamente. Como marca, entretanto, esses dois têm mais que resistido na cultura pop, e escritores e diretores tiveram que trabalhar cada vez mais para encontrar uma maneira de recuperar essa magia, já que agora sabemos bem que isso exige muito mais do que apenas juntar algumas pessoas famosas e bonitas.

Peyton Reed chegou perto em 2003 com seu [..] dos anos 60, Down with Love, trazendo Renee Zellweger alongside Ewan McGregor, e Olivia Wilde certamente não em Don’t Worry Darling (2022), em uma cômica ficção-científica dos anos 50. Como Vender a Lua [Fly Me To The Moon], no entanto, pode ser o melhor desafio recentemente criado, mesmo que com tanta fé colocada no elenco central de Scarlett Johansson e Channing Tatum que, além de uma aparição alegremente inusitada do Woody Harrelson, não há praticamente nenhum papel de apoio substancial. Tipo, nenhum. De todo. 

Desde o início, o filme de Greg Berlanti se baseia no mundo real da corrida espacial dos anos 60, usando imagens de arquivo para indicar onde os EUA estavam no final da década. Em 1961, Yuri Gagarin da União Soviética tornou-se o primeiro homem lá, provocando uma guerra de licitação imediata com os EUA pela propriedade da lua. À medida que os anos passavam, no entanto, essa competição outrora excitante, mas muito cara, perdeu o brilho diante do público, inicialmente depois do chocante assassinato de JFK em 1963, mas especialmente uma vez que a Guerra do Vietnã começou – questões de relações públicas que foram contornadas por Apollo 13 de Ron Howard, mas não o Primeiro Homem na Lua de Damien Chazelle.

O desgaste público com a NASA está no coração de Como Vender a Lua, que começa, inesperadamente, com uma introdução ao estilo Mad Men onde nossa heroína, Kelly Jones (Johansson), chega a uma empresa de publicidade na Madison Avenue. “Sala errada, não precisamos de ditado”, eles dizem a ela, dizendo a parte silenciosa em voz alta no espírito sexista da época. Kelly, entretanto, continua com sua apresentação – vendendo carros esportivos para homens, em uma sala cheia de homens – que é tão bem sucedida, e percebe que ela não precisava ter se incomodado com a gravidez falsa que ela está usando como uma espécie de plano B para provocar simpatia.

Kelly é muito boa nesse tipo de coisa, e é por isso que, naquela noite em um bar, ela encontra um fantasma (Harrelson) que se apresenta como Moe Berkus. Berkus parece saber tudo sobre Kelly e faz uma oferta promissora de um trabalho, que ela rejeita, alegando não ter a experiência. “Tipo assim”, diz Berkus, “Quem vai verificar referências? Você tem um talento singular, por que desperdiçá-lo vendendo carros?”

O produto, diz ele, é a lua, já que o governo está desesperado para re-energizar o programa espacial e não só ganhar a guerra de propaganda com a URSS, mas dar ao povo americano deprimido algo para torcer. Kelly está quase que imediatamente indo para Cocoa Beach, na Flórida, com seu assistente não tão entusiasmado, um pacificador anti-Nixon. Em sua primeira noite, comendo sozinha em um restaurante nas proximidades, Kelly conhece Cole Davis (Tatum), um piloto experiente que – muito parecido com um dos personagens do livro de 1979 de Tom Wolfe, The Right Stuff – viu suas próprias ambições de se tornar um astronauta frustradas e agora opera nos bastidores.

Eles flertam inocentemente, e Cole, depois de ingenuamente compartilhar sua atração por ela, fica surpreso quando ela aparece em seu local de trabalho no dia seguinte. Kelly é imperturbável e começa a trabalhar como uma mulher possuída. Virando a cartilha do Hudson-Day, Cole é o trapaceiro e Kelly também, que é um dos pontos fortes do filme: Kelly quer muito vender o próximo lançamento da Apollo 11 – de relógios de pulso a roupas íntimas e cereais matinais – mas o tenso nerd Cole, que claramente usa um colete debaixo de sua elegante gola alta de cor pastel, quer preservar sua integridade. Billy Wilder teria se divertido muito com este set-up, e há um pouco de sua comédia  One Two Three, de 1961,  em como Cole luta com este turbilhão que agora está interrompendo sua vida ordenada.

Até este ponto, há uma genialidade que impulsiona tudo para a frente, um reconhecimento de que foi preciso muito para reconquistar o favor dos políticos americanos, especialmente no calor de 1969. Mas o desfoque de fatos e ficção logo se torna um pouco desconfortável; o destino catastrófico da Apollo 1 não é terrivelmente tratado com muito tato, e o filme entra em território de teoria da conspiração quando Berkus força Kelly a fazer planos de contingência se a Apollo 11 falhar (que envolve filmar um falso pouso na lua sem Cole saber e muitas piadas sobre Stanley Kubrick estar indisponível). Dessa forma, explica Berkus, “Todo mundo consegue o que quer, e o mundo não precisa dormir sob uma lua comunista.”

Mas todo mundo vai conseguir o que quer? Em seu favor, Johansson e Tatum – talvez em seus papéis cômicos mais armados desde Hail, Caesar! – realmente fazem uma grande equipe, que provavelmente será a maior atração para o público, especialmente quando sair dos cinemas para Apple TV+. No entanto, essa parceria deslumbrante não deixa uma impressão duradoura. Graças à sua trama cada vez mais rebelde e à manipulação completamente distrativa da história conhecida na busca de risadas cada vez mais ridículas, Como Vender a Lua acaba deixando a porta aberta, mais uma vez, para a próxima rachadura naquela antiga química de Hollywood.

Via: Deadline.

15.04
2024

‘Fly Me to the Moon,’ dirigido por Greg Berlanti, estreará nos cinemas dia 12 de Julho.

Os opostos se atraem na nova história de amor lunar de Scarlett Johansson e Channing Tatum.

PEOPLE confere em primeira mão “Fly Me to the Moon”, uma comédia dramática estrelada por Johansson e Tatum ambientada durante a histórica missão de pouso na Lua da NASA em 1969.

Scarlett interpreta Kelly Jones, parte da equipe de marketing que ajuda a reabilitar a imagem pública da NASA, e Channing interpreta o diretor de lançamento, Cole Davis. “Quando o presidente considera a missão importante demais para falhar”, brinca a sinopse, “Jones é instruído a encenar um falso pouso na Lua como plano B e a contagem regressiva realmente começar”.

Johansson, 39, conta à PEOPLE que ela não conhecia Tatum, 43, antes de gravar Fly Me to the Moon, apesar de terem “muitos amigos em comum”.

“Channing é um ator muito fácil de lidar, muito animado e profissional. Me apaixonar por ele nas telinhas foi muito fácil. Ele é muito querido”, ela diz, e complementa sobre seus personagens “Kelly e Cole são completamente opostos. Foi divertido ter essa dinâmica com o Channing.”

A atriz, que também produz o filme, descreve sua personagem, Kelly, como uma “mulher muito moderna vivendo uma época onde mulheres eram constantemente subestimadas”. 

“Ela usa isso a seu favor e está sempre passos a frente” adiciona Johansson.

O elenco de Fly Me to the Moon também conta com Nick Dillenburg, Anna Garcia, Jim Rash, Noah Robbins, Colin Woodell, Christian Zuber, Donald Elise Watkins, Ray Romano e Woody Harrelson. Como Johansson lembra, eles “todos riram e se divertiram muito. Foi um prazer imenso estar no set de filmagens com toda aquela energia boa”.

O filme é dirigido por Greg Berlanti (Love, Simon) e escrito por Rose Gilroy a partir da história de Bill Kirstein e Keenan Flynn.

“A inspiração para esta história”, disse Berlanti, 51, à People, “foi criar um grande, divertido e inteligente filme sobre se o governo americano poderia ou não ter falsificado o pouso do Apollo 11 na lua, que ainda é o evento mais assistido da TV na história do mundo e desde então se tornou uma das teorias da conspiração mais comentadas.”

O diretor explica que recriar o pouso na Lua (e os métodos pelos quais ele poderia ter sido “falsificado” na época) foi “muito desafiador” – e “exigiu um cenário do tamanho de um campo de beisebol”.

Isso, e mais “meses de trabalho de construção e design com todos os nossos chefes de departamento, trabalho com dublês, trabalho de iluminação com luzes daquela época e um treinador de movimento trabalhando com nossos ‘falsos astronautas’ para combinar passo a passo a primeira caminhada de Buzz [Aldrin] e Neil [Armstrong] na lua.”

“São algumas das imagens mais famosas da história”, diz ele, “e precisávamos combiná-las completamente – mas de uma forma que só poderiam ter sido feitas em 1969”.

Mas, diz Berlanti, mesmo com “foguetes disparando e caminhadas na lua no filme, o verdadeiro acontecimento é assistir todos esses atores incríveis juntos”.

“Scarlett e Channing nunca fizeram um filme juntos e tenho certeza que o público vai querer que eles façam muitos mais depois deste”, diz ele. “Cada um deles é, individualmente, um sonho, tanto pessoal quanto profissionalmente. Eles têm o mais raro dos dons para a comédia e o drama.”

“Assistir eles atuarem juntos foi como assistir dois grandes astros do rock fazendo um dueto pela primeira vez”, continua Berlanti. “Desde o ensaio até o fim das filmagens, trabalhar com os dois foi um dos grandes momentos de realização da minha vida.”

Johansson diz que Fly Me to the Moon é atrativo por ser totalmente original. 

“Não é derivado de mais nada, não segue uma fórmula”, diz ela. “Acho que há muito tempo que não era oferecido ao público um filme de grande ideia que fosse ao mesmo tempo engraçado, comovente e original, e eles estão ansiosos por isso. O filme é totalmente divertido e novo. Estou muito orgulhosa dele por sua novidade e alcance.”

Fly Me to the Moon, um filme original da Apple, estará nos cinemas, em parceria com a Sony Pictures Entertainment, no dia 12 de julho, antes de ser transmitido posteriormente no Apple TV+.

Confira aqui o trailer original: Youtube.

Via: People Magazine.

14.02
2024

O vencedor do Emmy e indicado ao Oscar por American Fiction, Cord Jefferson irá escrever e produzir a minissérie da Amazon Prime Video, Just Cause, estrelada por Scarlett Johansson. O roteirista John Wells, da aclamada série The West Wing, se junta a Jefferson no roteiro. A minissérie é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por John Katzenbach. Confira a sinopse:

Quando o repórter Matt Cowart recebe uma carta de um prisioneiro do corredor da morte alegando sua inocência, ele fica tentado a descartá-la. Claro, são todos inocentes. Mas à medida que o jornalista de Miami investiga o caso de Robert Earl Ferguson, um afro-americano condenado à pena de morte pelo assassinato brutal de uma garota branca, ele começa a acreditar que Ferguson é a verdadeira vítima de ódio e preconceito. E se ele não agir, o homem errado vai ser executado. Nos meses que se seguiram, os artigos investigativos de Cowart não apenas libertaram Ferguson, mas tornaram Cowart uma celebridade e lhe renderam um Prêmio Pulitzer – e desencadearam uma nova cadeia de horror inimaginável. Pois há um monstro por aí, e ele não está acabado de matar. Assustadoramente complexo, Just Cause é uma história poderosa sobre enfrentar nossos piores medos, na sociedade e em nós mesmos.

Scarlett Johansson será a repórter na minissérie, que mudou o gênero do personagem para ela. Será o primeiro papel de destaque da atriz em um projeto televisivo. O livro já foi adaptado para os cinemas em 1995, onde Scarlett interpretou a filha do personagem de Sean Connery, quando tinha 10 anos de idade. Cord Jefferson é vencedor do Emmy de roteiro por Watchmen, juntamente com Damon Lindelof. Seus outros trabalhos também incluem Succession, Master of None e The Good Place. John Wells foi roteirista e produtor executivo das aclamadas séries ER e The West Wing. Wells recebeu 25 indicações ao Emmy, garantindo seis vitórias para ER e The West Wing.

A companhia produtora de Scarlett, These Pictures, é a principal produtora do projeto. A minissérie ainda não tem data prevista de estreia.

07.02
2024

Scarlett Johansson é uma das estrelas do novo comercial da marca de chocolates M&M’s, que será exibido durante o Super Bowl nos Estados Unidos, a tradicional final do campeonato de futebol americano.

O comercial, intitulado Almost Champions Ring of Comfort, reúne Scarlett e os quase campeões Dan Marino, Terrell Owens e Bruce Smith. Confira o vídeo abaixo:


Layout criado e desenvolvido por Lannie.D - Alguns direitos reservados - Host: Flaunt Network | DMCA | Privacy Policy